As sete formas ou poderes espirituais: o segundo período continuou.

Louis Claude de Saint Martin


Recordando aqui o campo universal das sete formas da Natureza Eterna, o número sete contido no quarenta e nove mostrará a atuação e operação dos sete poderes espirituais, abrindo o caminho dos trabalhos ativos ao povo escolhido, uma vez que este processo é também demonstrado nesta época, através da produção dos primeiros frutos da terra; não se pode duvidar que esta lei atuou, pelos poderes do mesmo número, no primeiro Homem, como ainda ocorre no homem individual, e com certeza seria muito mais positivo e significativo se não nos enchêssemos diariamente com falsas substâncias, que nos mantém sob falsas proporções, e impedem aquelas que são verdadeiras de atuarem sobre nós.


Neste período, o sangue dos bezerros foi derramado, enquanto que no primeiro período só o sangue do cordeiro é que foi derramado; isto porque este foi unicamente o período da libação, e o sangue do cordeiro serviu como órgão na obra de misericórdia, realizada sobre o povo, e indicada pela doçura, cujo cordeiro é o símbolo; nas características aparentes dos animais, podemos entrever suas influências predominantes, assim como das obras em que tomam parte, nos desígnios da Sabedoria.
O segundo período, estando o povo na selvajaria, no caminho oposto à sua terra, requereu mais energia para resistir a seus inimigos; e tudo nos leva a crer que o sangue de um grande rebanho, foi derramado nesta ocasião, o que indica que este era o objetivo do sacrifício desta classe de vítimas.


No primeiro período, o povo não tinha nada a fazer; apenas seguir o espírito que fez todas as coisas para ele, como uma mãe ou uma babá faz por uma criança em sua tenra idade: logo, não havia lei.
No segundo período, o povo é considerado capaz de agir por si mesmo; assim, a lei lhe foi dada e os preceitos da lei lhe foram ensinados a fim de que controlasse sua conduta através das árduas jornadas que havia à frente.
Portanto era natural que a mesma sabedoria que ditou as leis, comunicasse a força necessária para a sua observação, o sacrifício dos rebanhos apontam para isto; sem falar da força espiritual derivada do testemunho das maravilhas realizadas diante dele na montanha, não aquelas que esperavam da ordenação de seus sacerdotes, que foi subseqüente à promulgação da lei, e da emancipação do povo, e que pode ser considerada como o complemento e a consolidação deste segundo período: Moisés foi ordenado diretamente, sem a intervenção de qualquer ministério do Homem, pois ele era para ser como Deus para o Faraó, e tomar Aaron como seu profeta.(Ex.VII).
É certo que este segundo período era ao mesmo tempo comemorativo, real e figurativo, como o primeiro; mas devemos observar que cada uma destas relações ascende um grau, já que o segundo período tem início num grau mais elevado que o primeiro; é preciso ter em mente, quando considerarmos os períodos seguintes, que eles sempre avançam por graus e elevam suas operações continuamente, sem perderem suas características.


A Festa dos Tabernáculos: O Terceiro Período.
Este terceiro período, no sentido restrito a que nos limitamos por enquanto, não é marcado por nenhum evento histórico nas escrituras sagradas. Foi indicado apenas pela solenidade do festival consagrado para esta celebração, a festa dos tabernáculos. Esta festa, não tendo qualquer evento atual a consagrar, aparece nas Escrituras (Lev. XXII.43) somente como uma comemoração de um fato anterior, ou seja, fazer com que o povo se lembre de que Deus o havia feito para habitar em tendas, após Ele o ter libertado da escravidão Egípcia.
Não será importuno acrescentar que o processo de regeneração não estava tão desenvolvido naquela época a ponto de oferecer à mente do povo tudo aquilo que expressava, particularmente com relação à via que o Homem é obrigado a construir nas regiões intermediárias entre seu primeiro e seu atual domicílio para que quando se despir de seu envoltório corporal, de sua terra do Egito, o seu sangue faça com que um verdadeiro faraó o domine.


A Festa dos Tabernáculos, presságio do futuro advento do Reino Espiritual.
Ora, este festival, o mais importante de todos, pelo número de vítimas oferecido, era a expressão figurativa e profética dos benefícios que aguardam o povo em tempos vindouros, mas dos quais ele não poderia ter idéia alguma, pois seu tempo ainda não havia chegado.
Podemos julgar quão enormes podiam ser estes benefícios, pela época do ano em que ocorria o festival; era no sétimo mês, após o recolhimento de todas as colheitas; era na renovação do ano civil, embora na metade do ano santo.
Podemos, então, certamente, ver neste festival o fim do círculo das coisas temporais, o advento do reino do Espírito e os inefáveis presentes e riquezas que se seguem ao desenvolvimento de seus poderes através de todos os períodos consecutivos e intermediários, desde a primeira instituição do festival, ao complemento do grande círculo.


Não preciso relembrar as propriedades características do setenário, para confirmar esta visão; basta nos convencermos de que este festival era mais profético do que comemorativo e se designava aos homens iluminados daquela época; embora, para o povo, este festival possa ter sido mais comemorativo do que profético. Iremos acrescentar apenas, para informação daqueles que estão familiarizados com os princípios dos quais os números são os símbolos, que estes atos setenários, neste terceiro período, são mais amplos do que no segundo período que era apenas uma iniciação à lei, enquanto que aqui se trata do cumprimento da lei.
No segundo período, o setenário ainda agia somente, por assim dizer, consigo mesmo e em seu próprio círculo; enquanto que no terceiro ele penetrou todo o círculo das coisas, por intermédio dos seis meses lunares através dos quais estendeu e desenvolveu seus poderes; isto aponta para as seis operações primitivas da criação, que terminou no sabath, e para a grande Época sabática, pela qual o grande círculo da duração do Universo chegará a seu fim e restaurará a liberdade a todas as criaturas.

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