O PODER
Pelo Irmão Monte Cristo SI


Diz uma antiga parábola Martinista da tradição Oriental que certa vez um aspirante pediu a seu iniciador um trabalho teúrgico que lhe desse o maior de todos os poderes.

O mestre atendendo a insistência de seu adepto, prescreveu o seguinte ritual:

Durante nove ciclos lunares deveria ele vestir-se com um manto branco tendo em suas costas um Pantáculo bordado em vermelho, com estes paramentos deveria o estudante dirigir-se a maior praça pública de sua cidade e permanecer em total silencio sentado no chão durante 3 horas consecutivas, portando ao seu lado direito dois círios acesos. Deveria ele, com esta configuração, meditar sobre o significado deste ato.

O ansioso estudante, muito conhecido em sua cidade pela sua cultura e pelo seu equilíbrio,hesitou, a principio, em realizar o tal “ritual”, uma vez que isto o colocaria em evidencia, assim como sua aderência ao misticismo e logicamente ao Martinismo, fato que poderia coloca-lo em situações embaraçosas perante seus familiares, amigos e a sociedade local.

Mesmo assim, o associado realizou com riqueza de detalhes tudo o que lhe foi instruído. Logicamente, ele foi ridicularizado em praça pública, seus parentes e amigos de ocasião se afastaram dele, até mesmo alguns de seus irmãos Martinistas que, temendo terem um dia que realizar o tal “ritual em praça pública”, passaram a criticar a fraternidade e seus membros.

Após o período prescrito, o iniciador foi haver com seu iniciado e perguntou a este, qual tinha sido o resultado de seu trabalho.

Nosso pobre e difamado estudante, considerando como desastroso seu intento, limitou-se a entregar ao Mestre Iniciador uma envergonhada folha de papel em branco, e em complemento relatou que o ritual não teve nenhum efeito, pois dele não resultara nenhum poder excepcional, nenhuma visão metafísica e nenhuma “iluminação” filosofal, concluindo que o poder que ele tanto desejava, apesar de seu esforço não havia sido alcançado.

O Iniciador tomando seu estudante com um fraternal abraço acalentou seu desapontamento e passou a lhe mostrar que ao contrário do que ele imaginava o resultado de seu esforço tinham dado a ele o verdadeiro poder que todos os Martinistas devem aspirar: Confiança em suas convicções, fé em seus objetivos e principalmente humildade.

Esta parábola, apesar de antiga, é extremamente apropriada para os dias de hoje. Com certeza se nosso Iniciador nos solicitasse realizar um trabalho parecido ao que foi prescrito ao aspirante desta estória, certamente a imensa maioria de nós não o realizaria por temer a reação da sociedade, dos familiares e até mesmo de seus irmãos de fraternidade, mas não duvidamos que os resultados filosóficos seriam os mesmos.

Hoje, para ser ridicularizado, difamado, humilhado e criticado pela sociedade ou até mesmo pelos seus Irmãos de fraternidade não é necessário se prostrar em praça pública com roupas de indigente tendo duas velas acesas nas mãos, basta apenas ser detentor de uma carta patente, ou ainda de não tê-la. Basta apenas um e-mail mentiroso. Bastam apenas algumas mentiras. Pequenas mentiras ou grandes mentiras, tanto faz,... Pois, passam estas imediatamente a serem tomadas como verdades pelos ignorantes, pelos invejosos ou pelos simples desinformados.

Mas, o poder dos verdadeiros Martinistas não está na existência ou na ausência de títulos ou cartas patentes, na realização de iniciações físicas ou adesões espirituais, pois como em nossa antiga parábola:


O Poder está na confiança em nossas convicções pessoais, convicções que não podem ser outras que não à Glória do Retificador.

O Poder está na Fé nos objetivos filosóficos herdados de nossos Mestres do Passado e não na valorização do Ego que utiliza invariavelmente a calunia, a difamação e o linchamento moral.

Finalmente o Poder está na humildade. Humildade em acreditar no julgamento da Providencia Divina, Humildade em perdoar com o coração os caluniadores e mentirosos.

O Poder está em não ceder a tentação da réplica, pois como ensinou nosso tão Amado Mestre Philippe de Lyon:


"Além da avareza, o homem deve combater o conjunto dos demais vícios para merecer a Graça Divina, tais como o ciúme, a mentira, a cólera, o fumo, o álcool, os maus pensamentos, o hábito de falar mal de seu próximo. A cólera degrada o homem, o avilta e o coloca em nível inferior, em relação aos demais homens.”

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