A Razão E O Amor


Na constante luta pela Reintegração , em que a via intuitiva parece primordial, a razão não pode, porém, ser posta de lado. A filosofia Martinista apela constantemente para ela. Mas não a utiliza da mesma maneira que as religiões . O Martinismo não afirma, como também não demonstra. O seu apelo à razão faz-se apenas no plano individual, sem que por isso se perca na via da individuação total. Este método subjetivo escapa, efetivamente, ao relativo e ao contingente e pretende chegar ao universal pela via do cristianismo primitivo, a da comunhão com os outros homens e com o próprio cosmo, no qual essa verdade está igualmente imanente.

É a via do Amor, que implica a tolerância ativa e a humildade, fazendo compreender que o pensamento permanece fragmentário quando se encontra dissociado na multiplicidade dos indivíduos e dos tempos. É o conjunto, a unidade que importa e a razão individual vale na medida em que participa do absoluto. É então que verdadeiramente se suprime o dualismo entre o sujeito e o objeto do Conhecimento.

Pelo verbo, distinguimos o nosso eu dos outros e tornamo-nos numa individualidade particular, susceptível de se manifestar na diversidade do mundo exterior. Pelo amor, restituímos a nossa unidade na unidade transcendente, situamos a nossa personalidade na encruzilhada do infinito e do finito, do absoluto e do contingente, de que nos tornamos participantes numa medida idêntica. (C. Chevillon).

A forma da iniciação já permite escapar ao perigo da individuação. Iniciação profissional, ela implica o trabalho coletivo no amor fraterno e a necessidade da loja. O trabalho segundo o ritual ajuda excelentemente, no plano psíquico de cada irmão, a manifestação iluminadora dos símbolos. O Martinismo, muitas vezes se tem dito, é um sistema construtivista . Trazendo a sua pedra para a construção do Templo, cada um edifica este mesmo Templo no interior de si próprio.

Mas a noção do Amor, concebido não só do ponto de vista moral, que não passa duma conseqüência, mas como modo de apreensão do Conhecimento - guiado pela Tradição, como havemos de ver -, permite à razão individual alcançar a razão geral e a idéia universal, ou seja, a Verdade.

Segundo a concepção altamente iniciática de Goethe, a prodigiosa aventura da razão é tentar reconstituir, numa visão intuitiva global, as fases sucessivas do desenvolvimento do ser; é captar, no instante presente que é o nosso, a continuidade temporal de cada ser, como numa síntese de perspectivas.

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