O Cristianismo


Concepções religiosas e filosóficas
O Cristianismo prega o amor a Deus e ao próximo como o seu fundamento espiritual. De facto estas atitudes não constituem dois mandamentos separados (1º a Deus e 2º ao próximo), mas sim um só em que nenhuma das partes pode ser excluída. A salvação espiritual é oferecida gratuitamente a quem deseja aceitá-la buscando a Deus na figura de seu filho Jesus e que a busca de Deus é uma experiência transformadora da natureza humana.


Podemos considerar três períodos que definem a concepção e filosofia do Cristianismo:
1. Cristianismo primitivo: caracterizado por uma heterogeneidade de concepções;
2. Patrística: ocorrida no período entre os séculos II e VIII, com a transformação da nova religião em uma Igreja oficial do Império Romano fundada por Constantino e a formação de um clero institucionalizado, e cujo doutrinário expoente foi Santo Agostinho;
3. Escolástica: a partir do século VIII e cujo expoente foi São Tomás de Aquino, que afirmou que fé e razão podem ser conciliadas, sendo a razão um meio de entender a fé.


A partir do protestantismo, é necessário fazer uma diferenciação entre a história e concepção da Igreja Católica e das diversas denominações evangélicas que se formaram.
No cristianismo existem numerosas tradições e denominações, que reflectem diferenças doutrinais por vezes relacionadas com a cultura e os diferentes contextos locais em que estas se desenvolveram. Segundo a edição de 2001 da World Christian Encyclopedia existem 33 830 denominações cristãs. Desde a Reforma o cristianismo é dividido em três grandes ramos:


Catolicismo: composto pela Igreja Católica Apostólica e que hoje congrega o maior número de fiéis;


Ortodoxia: originária da primeira grande cisma cristã é constituída por duas grandes igrejas ortodoxas - a grega e a russa - que apresentam algumas diferenças entre si, nomeadamente a língua usada na liturgia. Há ainda um terceiro ramo, a igreja de rito Copta, que surgiu no Norte de África;


Protestantismo: originária da segunda grande cisma cristã (Reforma Protestante) de Martin Lutero, no século XVI, e engloba grande número de movimentos e denominações distintas. Actualmente a Igreja Protestante (também chamada Igreja Evangélica) pode ser dividida em três vertentes:
o Denominações Históricas: resultado directo da reforma protestante. Destacam-se nesta vertente os luteranos, anglicanos , presbiterianos, metodistas e batistas.
o Denominações Pentecostais: originárias em movimento do início do século XX é baseando na crença na presença do Espírito Santo na vida do crente através de sinais, denominados por estes como dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas (glossolalia), curas, milagres, visões etc. Destacam-se nesta vertente a Assembléia de Deus a Igreja Cristã Maranata e a Igreja do Evangelho Quadrangular.
o Denominações Neopentecostais: originárias na segunda metade do século XX de avanço das igrejas pentecostais, não configuram uma categoria homogêna.São consideradas seitas pelos Protestantes. Destacam-se nesta vertente a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Internacional da Graça de Deus, Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, e a Igreja Evangélica Cristo Vive. É o ramo mais que mais cresce no Brasil e no mundo.
Além desses três ramos majoritários, ainda existem outros segmentos minoritários do Cristianismo. Em geral se enquadram em uma das seguintes categorias:
" Restauracionismo: são doutrinas surgidas após a Reforma Protestante cujas bases derrogam as de todas as outras tradições cristãs, basicamente tendo como ponto em comum apenas a crença em Jesus Cristo. A maioria deles não se considera propriamente "protestante" ou "evangélico". Nesta categoria estão enquadrados os Mórmons, a Igreja Adventista do Sétimo Dia e as Testemunhas de Jeová, entre outras denominações. Quanto às Testemunhas de Jeová, embora afirmem ser cristãs, também não se consideram parte do protestantismo. Seus adeptos crêem que praticam o cristianismo primitivo e que não são fundamentalistas no sentido em que o termo é comumente usado. Aceitam a Jesus como criatura, de natureza divina, seu líder e resgatador, rejeitando, no entanto a crença na Trindade e ensinando que Cristo é o filho do único Deus Todo Poderoso, Jeová.


Cristianismo primitivo: são as Igrejas cujas bases são anteriores ao estabelecimento do catolicismo e da ortodoxia. É o caso das igrejas não-calcedonianas e da Igreja Assíria do Oriente (Nestoriana).


Cristianismo esotérico: é a parte mística do Cristianismo, e compreende as escolas cristãs de mistérios e sincretismo religioso. A este ramo pertence o Gnosticismo que é uma crença com raízes antecedentes ao próprio cristianismo e que tem características da ciência egípcia e da filosofia grega. O Rosacrucianismo também se enquadra nessa vertente sendo uma ciência oculta cristã que ressalta as boas ações por meio da fraternidade.


Espiritismo Cristão: Os simplesmente Espíritas não acreditam que uma pessoa pode redimir "os pecados" de uma outra, contudo para a maior parte dos adeptos do espiritismo a obra de Allan Kardec constitui uma nova forma do cristianismo, são os espíritas-cristãos. Inclusive, um dos seus livros fundantes é denominado de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Esse livro apresenta uma reinterpretação de aspectos da filosofia e moral cristã.


Os cristãos atribuem a determinado dias do calendário uma importância religiosa. Estes dias estão ligados à vida de Jesus Cristo ou à história dos primórdios do movimento cristão.
O calendário litúrgico cristão inclui as seguintes festas:
" Advento: período constituído pelas quatro semanas antes do Natal, entendidas como época de preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo;
" Natal: celebração do nascimento de Jesus;
" Epifania: para os católicos, celebra a adoração de Jesus Cristo pelos Reis Magos, enquanto que para os cristãos ortodoxos o seu baptismo. Acontece doze dias após o Natal;
" Sexta-feira Santa: morte de Jesus,
" Domingo de Páscoa: ressurreição de Jesus;
" Ascensão: ascensão de Jesus ao céu. Acontece quarenta dias após o Domingo de Páscoa;
" Pentecostes: celebração do aparecimento do Espírito Santo aos cristãos. Ocorre cinquenta dias após o Domingo de Páscoa.
Alguns dias têm uma data fixa no calendário (como o Natal, celebrado a 25 de Dezembro), enquanto que outros se movem ao longo de várias datas. O período mais importante do calendário litúrgico é a Páscoa, que é uma festa móvel. Nem todas denominações cristãs concordam em relação a que datas atribuir importância. Por exemplo, o Dia de Todos-os-Santos é celebrado pela Igreja Católica e pela Igreja Anglicana a 1 de Novembro, enquanto que para a Igreja Ortodoxa a data é celebrada no primeiro Domingo depois do Pentecostes; outras denominações cristãs não celebram sequer este dia. De igual forma, alguns grupos cristãos recusam celebrar o Natal uma vez que consideram ter origens pagãs.
O cristianismo é atualmente a religião com maior número de adeptos, seguida do islão. Presente em todos os continentes, apresenta tendências de desenvolvimento diferente em cada um deles.


No início do século XX, a maioria dos cristãos estava concentrada na Europa; por volta da década de setenta do século XX, tinha diminuído consideravelmente o número de cristãos na Europa, sendo actualmente a América Latina e África os dois centros mundiais do cristianismo.
O cristianismo chegou ao continente americano com as conquistas espanholas e portuguesas do século XVI. Os primeiros missionários católicos na América, preocupados com a conversão das populações, não se importaram com as culturas locais indígenas, que foram devastadas. No século XIX a independência dos países latino-americanos em relação a Espanha e Portugal, foi acompanhada de uma redução gradual da influência da Igreja Católica. Contudo, durante o século XX o catolicismo desempenhou um papel político na América Latina, detectável em movimentos como a Teologia da Libertação. Actualmente, o catolicismo perde terreno na América Latina a favor de movimentos protestantes de carácter pentecostalista.


Na África o cristianismo tem raízes mais antigas. Antes do surgimento do islão no século VII, o norte de África estava religiosamente integrado na esfera cristã. O islão e o cristianismo tiveram dificuldades em penetrar completamente na África Negra. Foi, sobretudo no século XIX, com o estabelecimento de missões protestantes (anglicanas e metodistas) em África, que o cristianismo penetrou no continente. Na segunda metade do século XX seria a vez do catolicismo. Hoje em dia, o catolicismo é a denominação com maior número de adeptos na maioria dos países africanos, com uma população de mais de 150 milhões de pessoas. No continente africano também surgiram igrejas cristãs independentes das tradições européias, que misturam elementos do cristianismo com elementos da cultura local, como o culto dos antepassados, a feitiçaria e a poligamia.