Rábano Mauro e o Significado Místico dos Números
    
    Jean Lauand
    Prof. Titular FEUSP
      1. Introdução
      Discípulo de Alcuíno, Rábano Mauro (c.784-856) foi 
      abade de Fulda. Pelo seu trabalho de educador e escritor, recebeu o epíteto 
      de Praeceptor Germaniae, o mestre da Germânia. Rábano Mauro 
      não teve a intenção de ser um autor original, mas a 
      de ensinar e formar seus monges.
      Uma de suas principais obras é o De universo (em 22 livros) que, 
      como o próprio nome indica, é trabalho amplo e enciclopédico. 
      O subtítulo é: Sobre a natureza das coisas, as propriedades 
      das palavras e o significado místico das realidades. 
      Nessa obra, Rábano Mauro distingue dois sentidos na Sagrada Escritura: 
      o literal e o figurado. Este divide-se em alegórico (revela verdades 
      sobrenaturais ocultas para os profanos), tropológico (ou moral, move 
      a agir bem) e anagógico (conduz ao fim último e revela a razão 
      de ser da vida).
      Rábano Mauro está convencido de que, para decifrar o sentido 
      figurado, é muito útil conhecer a natureza das coisas e as 
      etimologias das palavras. Para ajudar seus leitores a alcançar esse 
      significado místico, presente em tudo, escreveu o De universo, do 
      qual apresento aqui a tradução do Capítulo III do Livro 
      XVIII: De numero (PL CXI, 489-495).
      2. A alegoria e o pensamento medieval
      Em várias línguas há expressões ou frases feitas 
      para indicar que sobre aquilo que é evidente não se precisa 
      gastar uma palavra: goes without saying, va sans dire, selbstverständlich, 
      per se notum etc. Essa observação tão simples (e, também 
      ela, evidente) explica uma das maiores dificuldades de compreensão 
      [1] de um autor antigo: o que era evidente para ele e para os leitores de 
      sua época (e, precisamente por isso, ficou oculto) freqüentemente 
      não é evidente para nós, que sequer suspeitamos dos 
      "óbvios ululantes" escondidos no autor antigo.
      Nesse sentido, há no Tratado de Rábano Mauro diversas passagens 
      lacônicas e enigmáticas para o leitor contemporâneo, 
      que não está nem um pouco preocupado em saber o que significa 
      o número 153 (se é que tem algum significado...) quando o 
      Evangelho diz que os apóstolos, na pesca milagrosa após a 
      ressurreição de Cristo, apanharam justamente 153 peixes. S. 
      Agostinho, por exemplo, teólogo e pregador genial, de perene atualidade, 
      tratava do significado dos números em vários sermões, 
      pois considerava o simbolismo numérico um elemento a mais para a 
      compreensão da Revelação:
      "Estes 153 são 17. 10 por quê? 7 por quê? 10 por 
      causa da lei, 7 por causa do Espírito. A forma septenária 
      é por causa da perfeição que se celebra nos dons do 
      Espírito Santo. Descansará - diz o santo profeta Isaías 
      - sobre ele, o Espírito Santo (Is 11,23) com seus 7 dons. Já 
      a lei tem 10 mandamentos (...). Se ao 10 ajuntarmos o 7, temos 17. E este 
      é o número em que está toda a multidão dos bem-aventurados. 
      Como se chega, porém, aos 153? Como já vos expliquei outras 
      vezes, já muitos me tomam a dianteira. Mas não posso deixar 
      de vos expor cada ano este ponto. Muitos já o esqueceram, alguns 
      nunca o ouviram. Os que já o ouviram e não o esqueceram tenham 
      paciência para que os outros, ou reavivem a memória, ou recebam 
      o ensino. Quando dois são companheiros no mesmo caminho, e um anda 
      mais depressa e o outro mais devagar, está no poder do mais rápido 
      não deixar o companheiro para trás (...). Conta 17, começando 
      por 1 até 17, de modo que faças a soma de todos os números, 
      e chegarás ao 153. Por que estais à espera que o faça 
      eu? Fazei vós a conta" [2] .
      O cristão de hoje sorri ao ver o autor medieval, munido de calçadeira, 
      explicar que o número 120 é soma da progressão aritmética: 
      1+2+3...+14+15, e que isto representa misticamente aquelas passagens dos 
      Atos dos Apóstolos em que se descreve a vinda do Espírito 
      Santo (cfr. 2,1) quando estava reunida a assembléia de 120 pessoas 
      (cfr. 1,15), "todos num mesmo lugar" (a soma simboliza essa reunião).
      Precisamente nessas diferenças é que se capta a mentalidade 
      da época. O homem medieval está seriamente convencido de que 
      não há palavra ociosa na Sagrada Escritura e que tudo o que 
      está revelado "é inspirado por Deus, e útil para 
      ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça" 
      (II Tim 3,16). E o próprio apóstolo Paulo afirma o caráter 
      alegórico de algumas passagens bíblicas: "Na lei de Moisés 
      está escrito: 'Não atarás a boca ao boi que debulha' 
      (Deut 25,4). Mas, acaso Deus se ocupa dos bois? Não é, na 
      realidade, em atenção a nós que Ele diz isto?" 
      (I Cor 9,9-10). Ou, em outro momento, ao considerar alegórico (cfr. 
      Gál 4,24) o fato de que Abraão teve dois filhos: um da escrava 
      e outro da livre.
      O mestre S. Isidoro de Sevilha, pouco anterior a Rábano Mauro, tinha 
      escrito um capítulo das Etimologias (III,4) dedicado à importância 
      dos números: "Não se deve desprezar os números. 
      Pois em muitas passagens da Sagrada Escritura se manifesta o grande mistério 
      que encerram. Não foi em vão que se escreveu o louvor de Deus 
      no livro da Sabedoria (11,20): 'Dispusestes tudo com medida, número 
      e peso'".
      Daí que, ao contrário da Teologia contemporânea, Rábano 
      Mauro dê, por exemplo, extraordinária importância simbólica 
      aos números indicados por Deus para a construção do 
      tabernáculo [3] . Também neste ponto ele segue Agostinho: 
      "Grande é o mistério simbolizado nas ordens dadas para 
      a instalação do tabernáculo. Muitos mistérios 
      estão nelas representadas" [4] .
      A própria fala de Cristo apresenta alguns simbolismos numéricos 
      próprios das tradições semitas, como o 7, que indica 
      plenitude. Naquela pergunta de Pedro (cfr. Mt 18,22), "quantas vezes 
      devo perdoar a meu irmão? Até 7 vezes?", o 7 é 
      claramente simbólico; como também o "setenta vezes sete" 
      da resposta de Cristo. Tomás de Aquino, bem mais próximo de 
      nossa mentalidade, na Suma Teológica (I,1,10) põe as coisas 
      no devido lugar [5] : após reconhecer a legitimidade dos sentidos 
      tropológico e anagógico, diz: "Não se segue daí 
      nenhuma confusão na Sagrada Escritura, pois todos os sentidos se 
      apóiam sobre um, o literal, que é o único a proporcionar 
      argumentos, como diz Agostinho. Por isso, nada se perde da Escritura, pois 
      não há nada que seja dito em sentido espiritual que não 
      seja dito em sentido literal em alguma passagem".
      
      O Significado Místico dos Números
      Rábano Mauro (c.784-856) 
      (trad. e notas: Jean Lauand) 
      Os números, através de alegorias, mostram-nos muitos aspectos 
      do mistério que devemos venerar.
      O número 1
      Já o primeiro número, o um, indica a unidade da divindade. 
      Dele se escreveu no Deuteronômio (6,4): "Ouve, ó Israel! 
      O Senhor teu Deus, é o único [6] Senhor" [7] . O um expressa 
      também a unidade da Igreja e da fé. Daí que nos Atos 
      dos Apóstolos (4,32) se tenha escrito: "Eram um só coração 
      e uma só alma" [8] . E o número um diz respeito ainda 
      à unidade da fé e à perfeição de uma 
      obra. Por isso se diz no livro do Gênesis (6,16) sobre a arca de Noé: 
      "Farás no cimo [9] da arca uma abertura com a dimensão 
      de um côvado". E até a unidade dos maus é expressa 
      pelo um, como se lê em Mateus (22,11): "E viu ali um homem que 
      não trazia a veste nupcial" [10] .
      O número 2
      Já o dois diz respeito aos dois testamentos. Daí que em I 
      Reis (6,23) esteja escrito: "E fez dois querubins que tinham dez côvados 
      de altura". Dois também são os mandamentos da caridade 
      [11] : "Estes dois mandamentos resumem toda a lei e os profetas" 
      (Mt 22,40). O dois expressa ainda as duas dignidades: a régia e a 
      sacerdotal, figuradas por aqueles dois peixes que acompanhavam os cinco 
      pães naquela passagem do Evangelho [12] . O dois significa ainda 
      os dois povos: os judeus e os gentios. Daí que em Zacarias (6, 13) 
      se diga: "E haverá paz entre eles dois". Também 
      o dois significa a união da alma e do corpo. Daí que o Senhor 
      diga no Evangelho (Mt 18,19): "Se dois de vós estiverem reunidos 
      sobre a terra...". Sobre isso também fala o profeta Amós 
      (3, 3): "Acaso podem dois [13] andar juntos se não estão 
      em união?" O dois prefigura também a separação 
      entre os eleitos e os condenados, como diz o Senhor no Evangelho (Mt 24, 
      40): "Estarão dois no campo: um será tomado; o outro, 
      deixado" [14] .
      O número 3
      O número três é próprio do mistério da 
      Santíssima Trindade, tal como se diz na Epístola de João 
      (I Jo 5,7): "Três são os que dão testemunho". 
      O três também representa o mistério da Paixão, 
      Sepultamento e Ressurreição do Senhor [15] . Daí que 
      Oséias (6,2) diga: "Dar-nos-á de novo a vida em dois 
      dias; ao terceiro dia ressuscitar-nos-á e viveremos". O três 
      exprime ainda a fé, a esperança e a caridade [16] , figuradas 
      também por aquelas três cidades do Deuteronômio (cap. 
      19) nas quais o involuntário homicida encontrava refúgio [17] 
      . O três significa ainda os três tempos: o primeiro, antes da 
      lei; o segundo, sob a Antiga Lei, e o terceiro, sob a graça. É 
      por isso que se lê na parábola evangélica (Lc 13, 7): 
      "Eis que já são três anos que venho buscar fruto 
      da figueira e não o encontro". O três representa também 
      as três formas do agir humano para o bem ou para o mal: pensamentos, 
      palavras e obras. Como diz o Apóstolo (I Cor 3,12): "Se alguém 
      edifica sobre este fundamento: com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas; 
      com madeira, ou com feno, ou com palha" [18] . O três mostra 
      ainda o tríplice modo de os fiéis professarem sua fé: 
      como clérigos, monges ou no casamento. Dessa tríplice profissão 
      na Igreja fala o Senhor por Ezequiel (14,20), dizendo: "Se estes três 
      homens, Noé, Daniel e Jó, estivessem no meio deles não 
      poderiam salvar por sua justiça nem seus filhos nem suas filhas, 
      mas somente a si próprios" [19] .
      O número 4
      O número quatro é próprio dos quatro Evangelhos, como 
      diz Ezequiel (1,4): "E no centro havia a semelhança de quatro 
      animais" [20] . O quatro também significa misticamente as quatro 
      virtudes dos santos: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança 
      [21] ; que, pela liberalidade de Deus, revigoram as almas dos santos. Daí 
      que o Evangelho (Mc 8,9) diga: "E os que comeram eram cerca de quatro 
      mil pessoas. Em seguida, Jesus os despediu" [22] . Quatro também 
      diz respeito às quatro partes do mundo [23] a partir das quais a 
      Santa Igreja se reunirá. Daí que afirme o profeta (Is 43,5): 
      "Do Oriente conduzirei a tua descendência e do Ocidente eu te 
      reunirei. Direi ao setentrião: 'Devolve-os!' e ao meio-dia: 'Não 
      impeças!'". Do mesmo modo, o quatro pode simbolizar os quatro 
      elementos [24] dos quais é formado o corpo humano, pois principalmente 
      deles depende a força e a subsistência do corpo. Com efeito, 
      no Evangelho está escrito que o paralítico no leito era transportado 
      por quatro [25] .
      O número 5
      O cinco traz o significado dos cinco livros da lei de Moisés, dos 
      quais diz o Apóstolo (I Cor 14,19): "Quero dizer cinco palavras 
      de sentido"; ou para os cinco sentidos do corpo: visão, audição, 
      paladar, olfato e tato [26] . Daí que esteja escrito no Evangelho 
      (Mt 25,1): "O reino dos céus é semelhante a dez virgens, 
      cinco das quais eram fátuas e cinco prudentes" [27] . E também 
      (Mt 25,15): "E deu a um cinco talentos". E diz o Senhor à 
      samaritana (Jo 4,18): "Cinco maridos tiveste".
      O número 6
      O número seis significa os seis dias nos quais Deus criou as criaturas, 
      como diz o Êxodo (20, 11): "Em seis dias criou Deus o céu 
      e a terra". Significa também as etapas do tempo deste mundo, 
      que comporta seis eras [28] . Daí que Deus, que perfaz [29] todas 
      as suas obras, tenha vindo a este mundo na sexta era, tenha padecido na 
      sexta-feira, no sábado tenha repousado no sepulcro, e no domingo 
      ressuscitado dos mortos.
      O número 7
      O número sete é um número de múltiplos significados. 
      Pode significar o sétimo dia, no qual, concluída sua obra, 
      Deus repousou. Daí que também as almas dos santos, após 
      as fadigas das boas obras, repousem de todas as suas obras na felicidade 
      eterna do Céu. Pode significar também a septiforme graça 
      do Espírito Santo [30] , do qual diz o Apocalipse (5,6): "Tinha 
      ele sete chifres e sete olhos, sete são os espíritos enviados 
      por Deus por toda a terra". Também sete são as Igrejas 
      de que fala o Apocalipse (cfr. cap. 1), simbolizadas por sete candelabros 
      e por sete estrelas. Nelas se representa a totalidade dos santos [31] , 
      como ali mesmo se declara: que os sete candelabros são as sete Igrejas 
      e, do mesmo modo, as sete estrelas. Também por sete se designa todo 
      o tempo presente deste mundo, que se desenvolve em ciclos de sete dias [32] 
      . Também os males se representam pelo sete; sete é o número 
      da plenitude do pecado, isto é, o sete representa todos os principais 
      [33] vícios. Daí que o Senhor, no Evangelho (Lc 11,26), diga 
      do espírito imundo: "Então ele vai e toma consigo outros 
      sete piores do que ele e entram e estabelecem-se lá e a última 
      situação do homem é pior do que a anterior". Por 
      isso também Salomão (Prov 26,25) diz: "Não te 
      fies nele, pois há sete abominações (isto é, 
      diabos) na alma dele". Sete é também a plenitude dos 
      flagelos de Deus, como diz o Levítico (26,24): "Castigar-vos-ei 
      sete vezes pelos vossos pecados". E, além disso, sete e oito 
      simbolizam a Antiga Lei e o Evangelho. Por isso diz o Eclesiastes (11,2): 
      "Faze sete partes e também oito". Do mesmo modo o sete 
      e o oito representam o repouso definitivo e a ressurreição.
      O número 8
      O oito representa o dia da ressurreição do Senhor e também 
      a futura ressurreição de todos os santos [34] . Daí 
      que nas indicações junto ao título do salmo 6 conste: 
      "Para o oitavo".
      O número 9
      O número nove representa misticamente a Paixão do Senhor: 
      porque o próprio Senhor, na hora nona, tendo dado um forte brado, 
      expirou. Lê-se também que nove são as categorias dos 
      anjos: anjos, arcanjos, tronos, dominações, virtudes, principados, 
      potestades, querubins e serafins. E o nove está presente nas noventa 
      e nove ovelhas [35] que, na parábola evangélica, são 
      deixadas no deserto ou nos montes. Nove pode indicar ainda imperfeição 
      em relação aos mandamentos de Deus, ou a insuficiência 
      dos bens: como está escrito no Deuteronômio a respeito do leito 
      de Og - rei de Basan e tipo do diabo - que media nove côvados de comprimento 
      [36] .
      O número 10
      O dez é o número do Decálogo. Por isso o Salmista (Sl 
      32,2) diz: "Entoar-Te-ei hinos na harpa de dez cordas". É 
      também o número da perfeição das obras e da 
      plenitude dos santos, o que é simbolizado por aquelas dez cortinas 
      que, por ordem do Senhor [37] , foram feitas no tabernáculo do testemunho 
      [38] .
      O número 11 [39] 
      O número onze é figura da transgressão [40] da lei 
      e também dos pecadores, tal como mostra o salmo 11 (cujo número 
      de per si já é símbolo) quando diz: "Salvai-me 
      Senhor, pois desaparecem os homens santos". Daí que também 
      Deus tenha ordenado [41] que se instalassem no tabernáculo da Aliança 
      esse mesmo número de cortinas de peles de cabra para representar 
      os que pecam.
      O número 12
      O número doze é próprio dos apóstolos, como 
      se evidencia no Evangelho: "Os nomes dos doze apóstolos são..." 
      (Mt 10,2) e o próprio Senhor diz a seus discípulos: "Não 
      vos escolhi eu doze?" (Jo 6,70). O número doze também 
      representa a totalidade dos santos que, eleitos das quatro partes do mundo 
      pela fé na Santíssima Trindade, formam uma só Igreja. 
      Esses eleitos são figurados por aquelas doze pedras preciosas com 
      as quais, no Apocalipse [42] , se descreve a construção da 
      cidade do grande Rei. São as doze tribos de Israel, que vêem 
      a Deus.
      O número 13
      Já o número treze diz respeito à plenitude da lei [43] 
      junto com a fé na Santíssima Trindade, como se lê em 
      Ezequiel (40,11): "E mediu a extensão do pórtico: treze 
      côvados" [44] .
      O número 14
      O número quatorze simboliza misticamente as gerações 
      que antecederam o Senhor, como suficientemente se mostra no início 
      do Evangelho de Mateus: "De Abraão a David, quatorze gerações". 
      O número quatorze também diz respeito ao tempo presente e 
      futuro, tal como se mostra no Levítico (cfr. 12,5), onde se indica 
      que a mulher que der à luz uma menina será impura por duas 
      semanas, isto é, o presente e o futuro.
      O número 15
      O número quinze representa misticamente o repouso e a ressurreição, 
      a Antiga Lei e o Evangelho, tal como se lê nos Atos dos Apóstolos 
      [45] , que Paulo passou quinze dias com Pedro [46] .
      O número 17 
      O número dezessete [47] representa misticamente a totalidade dos 
      profetas [48] , pois os dez mandamentos da lei operam pela septiforme graça 
      do Espírito Santo.
      O número 20
      O número vinte diz respeito à perfeição das 
      obras que se realizam pela caridade, pois o decálogo, multiplicado 
      pelos dois mandamentos da caridade, totaliza vinte. Daí que se tenha 
      escrito que a medida da altura dos dois querubins [49] , isto é, 
      a plenitude da ciência, dá esse número.
      O número 22
      O número vinte e dois representa misticamente os livros divinos, 
      correspondentes às letras dos hebreus [50] .
      O número 24
      O número vinte e quatro representa os vinte e quatro livros do Antigo 
      Testamento, segundo a tradição dos hebreus. Outros, por este 
      número, entenderam os patriarcas do Antigo e do Novo testamento: 
      "E, sentados sobre os tronos, vinte e quatro anciãos" (Apoc 
      4,4).
      O número 25
      O número vinte e cinco é um símbolo místico 
      derivado da multiplicação do cinco (dos 5 sentidos) por si 
      mesmo evidente em Ezequiel [51] .
      O número 28
      O número vinte e oito representa misticamente a Antiga Lei e o Evangelho: 
      esse número de côvados de extensão deveriam ter [52] 
      as cortinas do tabernáculo. 
      O número 30
      O número trinta é o número dos frutos dos fiéis 
      casados [53] , como diz o Evangelho: "E produzirão fruto: cem 
      por um, sessenta por um, trinta por um" (Mt 13,23).
      O número 32
      O número trinta e dois refere-se misticamente à idade que 
      Nosso Senhor cumpriu na carne, daí que (como parece a alguns) diga 
      o Apóstolo (Ef 4,13): "Até que todos tenhamos chegado 
      à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até 
      atingirmos a idade de homem feito, na medida da idade da maturidade de Cristo".
      O número 40
      O quarenta é número que representa misticamente a Antiga Lei 
      e o Evangelho. Daí que no Evangelho (Mt 4,1) [54] se escreva do Senhor: 
      "E foi conduzido pelo Espírito ao deserto por quarenta dias". 
      Representa misticamente também a Ressurreição do Senhor, 
      pois está escrito em Atos (1,3): "E apareceu-lhes durante quarenta 
      dias". E, além disso, o número quarenta figura ainda 
      o tempo deste mundo. Pois quatro são as partes do mundo e quatro 
      são também os elementos de que está constituída 
      toda criatura visível; já o dez indica plenitude: tanto a 
      do bem como a do mal. E dez por quatro dá quarenta. Daí que 
      o salmista (Sl 94,10) diga: "Durante quarenta anos desgostou-me aquela 
      geração"; e no dilúvio foi por esse número 
      de dias e de noites que Deus fez chover sobre a terra. E no livro de Jonas 
      (3,4) está escrito: "Daqui a quarenta dias Nínive será 
      destruída", o que não chegou a ocorrer com aquela cidade, 
      mas ocorrerá com o mundo por ela figurado. Quarenta é o número 
      da permanência no deserto [55] e o das gerações de Abraão 
      a Jesus Cristo.
      O número 50
      O número cinqüenta é Pentecostes [56] , o do advento 
      do Espírito Santo. Daí que se diga em Atos (2,1): "Chegando 
      o dia de Pentecostes..." É também o número da 
      penitência dos pecadores: esse é o número do salmo penitencial 
      por excelência.
      O número 60
      Sessenta é o número que representa misticamente todos os perfeitos. 
      Por isso se diz no Cântico dos Cânticos (3,7): "É 
      a liteira de Salomão - isto é, a Igreja de Cristo - escoltada 
      por sessenta guerreiros, sessenta valentes de Israel". Também 
      sessenta é o fruto dado pelas viúvas e continentes. Daí 
      que se leia no Evangelho (Mt 13,23): "E prooduzirão fruto: cem 
      por um, sessenta por um, trinta por um".
      O número 70
      O número 70 é o que representa misticamente os antigos pais, 
      figurados pelos setenta mil operários carregadores [57] que Salomão 
      escolheu para edificar o templo. Pois setenta e oitenta são figura 
      da Antiga Lei e do Evangelho, conforme diz o salmo (Sl 89,10): "Setenta 
      anos é o total de nossa vida, os mais fortes chegam aos oitenta". 
      O setenta [58] é também o número dos presbíteros 
      de Moisés. E setenta e dois são os discípulos enviados 
      pelo Senhor [59] para pregar o Evangelho. Setenta é o número 
      das almas que desceram com Jacó ao Egito como se narra no Gênesis 
      (46,27) [60] .
      O número 80
      Oitenta são certas almas cristãs que estão unidas ao 
      Senhor somente pela fé, mas não pelas obras. Delas se escreve 
      no Cântico dos Cânticos (6,8): "Há sessenta [61] 
      rainhas - isto é, as almas dos perfeitos - e oitenta concubinas".
      O número 100
      O cem refere-se ao fruto dos mártires ou das virgens como diz o Evangelho 
      (Mt 13,23): "E prooduzirão fruto: cem por um..."
      O número 120
      Cento e vinte é o número que figura a perfeição 
      da Antiga Lei e do Evangelho. Daí que Moisés, legislador, 
      tenha vivido cento e vinte anos e que o Espírito Santo, no dia de 
      Pentecostes, tenha descido sobre as almas de cento e vinte fiéis 
      que estavam congregados no Cenáculo. Pois lê-se que antes do 
      dilúvio foi decretado cento e vinte anos de penitência para 
      os homens [62] . E a altura do templo de Salomão era de cento e vinte 
      côvados, o que tem o mesmo significado místico que o recebimento 
      do Espírito Santo por cento e vinte homens da primitiva Igreja em 
      Jerusalém, em virtude da Paixão, Ressurreição 
      e Ascensão do Senhor aos céus. E, também, estabelecendo 
      a seqüência natural de números e somando-os de 1 a 15 
      [63] , o que equivale a "reuni-los no mesmo lugar", obtém-se 
      120. Pois o 15 é composto pelo 7 e pelo 8, que costumam significar 
      a vida futura que é incoada nesta vida pelo Batismo nas almas dos 
      fiéis, mas que atingirá sua plenitude na ressurreição 
      e imortalidade no final dos séculos.
      O número 153 [64] 
      O cento e cinqüenta e três é representação 
      mística do número dos que se salvam, pois é o número 
      de peixes apanhados pelos Apóstolos após a ressurreição 
      do Senhor (Jo 21,11).
      O número 300
      Trezentos representa o número dos perfeitos que, pela cruz de Jesus, 
      obtêm vitória sobre o mundo, e que foram prefigurados por aqueles 
      trezentos soldados escolhidos para combater ao lado de Gedeão (Jz,7).
      O número 600 [65] 
      Quinhentos diz respeito às 6 idades do mundo (como alguns consideram) 
      que precisam passar para que o Salvador se digne visitar o mundo. Em prefiguração 
      disso, Noé, com a idade de seiscentos anos [66] , por inspiração 
      divina construiu a arca para a salvação de sua família.
      O número 1.000
      O número mil é o da plenitude da bem-aventurança. Daí 
      que se leia no Cântico dos Cânticos (8,11): "Pacífico 
      [67] tinha uma vinha e confiou-a aos guardas. Cada um recebeu mil moedas 
      de prata pelos frutos colhidos". A vinha é a Igreja, abundante 
      em frutos da fé; o Senhor Jesus [68] entregou-a aos guardas, isto 
      é, aos profetas, aos apóstolos e às dignidades angélicas; 
      pelos frutos colhidos o homem recebe mil moedas de prata, isto é, 
      a plenitude da retribuição.
      O número 1.200
      Mil e duzentos é figura dos doutores apostólicos que, espalhados 
      pelo mundo, se dedicam a pregar a palavra. Estes recebem remuneração 
      dupla, o que é representado pelo duzentos: "Mil siclos para 
      ti, Pacífico, e duzentos para esses que velam pela colheita" 
      (Cânt 8,12).
      O número 7.000
      O sete mil representa misticamente o número de todos os eleitos que, 
      repletos do Espírito Santo, pela semana deste mundo reúnem-se 
      no Reino dos Céus. Daí que diga I Reis (19,18): "Reservarei 
      em Israel sete mil homens que não dobraram o joelho diante de Baal".
      Já seiscentos mil é o número dos filhos de Israel que 
      saíram do Egito, como diz o Êxodo [69] .
      O número 10.000
      Dez mil é o número para o decálogo da Lei, como se 
      lê no Evangelho (Mt 18,24): "Trouxeram-lhe um que lhe devia dez 
      mil talentos".
      O número 144.000
      O cento e quarenta e quatro mil é representação mística 
      dos eleitos, judeus que no fim do mundo hão de crer em Cristo (como 
      afirmam alguns). É também, como diz o Apocalipse (cap. 14), 
      o número dos que não se corromperam: "Cantavam como que 
      um cântico novo diante do trono. E ninguém podia cantar aquele 
      cântico, a não ser os cento e quarenta e quatro mil que foram 
      resgatados da terra, os quais não se contaminaram e em cuja boca 
      não se achou mentira, pois são irrepreensíveis".
      
      [1] . Cfr. a respeito, p. ex., PIEPER, J., Unaustrinkbares Licht, p. 13 
      e ss.
      [2] . Sermão 250, em Agostinho, Sermões para a Páscoa, 
      trad. de António Fazenda, Lisboa, Verbo, 1974.
      [3] . Cfr. Êx 26.
      [4] . Agostinho, Sermão 83,7.
      [5] . Veja-se também I,1,9.
      [6] . Unus, em latim, pode significar: um, um só, único ou 
      uno. Assim, traduzimos: Dominus unus, que literalmente seria "Senhor 
      um", por único Senhor.
      [7] . O original, em Migne, diz, provavelmente equivocado, Deus unus e Êxodo, 
      em vez de Dominus unus e Deuteronômio.
      [8] . O livro dos Atos dos Apóstolos, que na Bíblia se segue 
      aos quatro Evangelhos, foi escrito pelo evangelista S. Lucas e narra o que 
      fizeram os apóstolos após a Ressurreição de 
      Cristo e a vinda do Espírito Santo. Descreve também a vida 
      dos primeiros cristãos. O conhecido versículo citado diz que 
      a multidão dos fiéis era cor unum et anima una, literalmente, 
      um coração e uma alma. Cabe aqui a mesma observação 
      da nota 6.
      [9] . Uma das instruções de Deus a Noé sobre o modo 
      de construir a arca. No original latino até a forma das palavras 
      deixa transparecer a relação entre fazer "o cimo" 
      (summitatem) e a perfeição, consumar (consummabis) uma obra.
      [10] . Trata-se da parábola em que Cristo compara o Reino dos Céus 
      a um banquete que um rei oferece a várias pessoas que se recusam 
      a comparecer. O rei ordena então a seus servos que convidem a todos 
      que acharem pelos caminhos: "e a sala do banquete ficou repleta de 
      homens maus e bons". Rábano Mauro pretende explicar o enigmático 
      singular, "um homem que não trazia veste nupcial" pela 
      unidade dos maus.
      [11] . Ao doutor da lei que lhe pergunta qual é o maior mandamento, 
      Jesus responde: "<<Amarás o Senhor teu Deus de todo o 
      teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito>>. 
      Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a 
      este, é: <<Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 
      Estes dois mandamentos resumem toda a lei e os profetas>>."
      [12] . A multiplicação dos pães e dos peixes, cfr. 
      Jo 6,9; Mt 14,17 ou Mc 6,41. Nesta interpretação dos dois 
      peixes representando os dois poderes, Rábano Mauro segue Agostinho 
      (cfr. Sermão 130, 1).
      [13] . O caráter elíptico do latim, que prefere dizer "dois" 
      ao invés de explicitar os "dois homens",,,, dá margem 
      ao pensamento alegórico: o "dois" passa a representar corpo 
      e alma.
      [14] . Sentença proferida por Cristo ao descrever o fim do mundo.
      [15] . A Ressurreição de Cristo deu-se no terceiro dia.
      [16] . Fé, esperança e caridade são as três virtudes 
      teologais, isto é, aquelas que têm por objeto a Deus e são 
      infundidas no homem por Deus.
      [17] . Deus ordenou que se reservassem três cidades como asilo onde 
      quem tivesse matado o próximo por inadvertência e sem ódio 
      prévio pudesse refugiar-se e escapar à injusta vingança.
      [18] . Rábano Mauro associa respectivamente ouro, prata e pedras 
      preciosas/madeira, feno e palha, aos bons/maus pensamentos, palavras e obras.
      [19] . O texto de Migne equivocadamente diz Ezequiel, cap. 1. Trata-se, 
      porém, do cap. 14 de Ezequiel, dedicado à responsabilidade 
      individual. Rábano Mauro está mais interessado em encontrar 
      nessa passagem uma confirmação (no mínimo, obscura) 
      da tríplice divisão que estabeleceu para os fiéis: 
      como clérigos, monges ou no casamento.
      [20] . O paralelismo entre as visões dos quatro seres vivos de Ezequiel 
      e do Apocalipse (cfr. 4,7) é tomado como símbolo dos quatro 
      Evangelhos.
      [21] . Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança são 
      as virtudes indicadas classicamente como as quatro virtudes cardeais. A 
      relação com a passagem do Evangelho é, como tantas 
      outras de Rábano Mauro, muito forçada.
      [22] . Esta interpretação de Rábano Mauro é 
      especialmente forçada.
      [23] . Os quatro pontos cardeais.
      [24] . Os quatro elementos que compõem tudo que há no mundo 
      e, particularmente, o corpo humano. No tratado de Isidoro de Sevilha sobre 
      o homem lê-se: "O corpo vivo é integrado pelos quatro 
      elementos: a terra está na carne; o ar, no hálito; o liquído, 
      no sangue; e o fogo, no calor vital" (Etym. XI,16).
      [25] . Cfr. Mc 2,3. O latim diz quatro e subentende quatro homens.
      [26] . Tal como nossa palavra "sentido", sensus em latim tanto 
      pode ser aplicada a um discurso dotado de "sentido", como para 
      os cinco "sentidos" corporais.
      [27] . Esta interpretação e as seguintes parecem-nos especialmente 
      forçadas.
      [28] . Isidoro dedica um dos livros de suas Etimologias (o livro V) às 
      leis e aos tempos. No cap. 39, Sobre a divisão dos tempos, afirma 
      que há seis eras: 1) A que vai da criação do mundo 
      até o dilúvio; 2) Do dilúvio até Abraão; 
      3) De Abraão a Davi; 4) De Davi ao cativeiro na Babilônia; 
      5) Do cativeiro da Babilônia a Júlo César e 6) Do nascimento 
      de Cristo a... - "quanto tempo resta nesta era, só Deus sabe".
      [29] . Deus, Perfector, escolhe o número 6 que, como se sabe, é, 
      já desde a Matemática grega, um número perfeito (é 
      igual à soma de seus divisores: 6 = 1 + 2 + 3).
      [30] . Os dons do Espírito Santo são: Sabedoria, Ciência, 
      Entendimento, Conselho, Fortaleza, Temor de Deus e Piedade (cfr. Isaías 
      12,2).
      [31] . Rábano Mauro às vezes utiliza a palavra "santos" 
      como sinônimo de "fiéis", como também é 
      freqüente nas epístolas de S. Paulo.
      [32] . "O número sete costuma simbolizar a totalidade, pois 
      o tempo se desenvolve em ciclos de sete dias, e, completados esses sete 
      dias, começa de novo etc." (Agostinho, Sermão 83,7).
      [33] . Os 7 vícios capitais (soberba, avareza, luxúria, inveja, 
      gula, acídia e ira), fonte de todo o mal.
      [34] . O número oito - ensina Agostinho - simboliza o mundo futuro. 
      Pois o oito sucede o sete, número que representa o tempo. Após 
      a mutabilidade desta vida (simbolizada pelo sete) o oitavo dia é 
      o do juízo. Daí, conclui Agostinho, o título do salmo 
      6: "Para o oitavo", onde se diz: "Não me repreendas, 
      Senhor, em tua indignação; em teu furor não me castigues" 
      (Agostinho, Sermão 260 C,3).
      [35] . É a parábola da ovelha perdida em que Jesus quer mostrar 
      a solicitude de Deus pelo pecador: "Quem de vós, tendo cem ovelhas 
      e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai 
      em busca da que se perdeu até encontrá-la?" (Lc 15,3 
      e ss.)
      [36] . Deuteronômio (3, 11). O cubitum, côvado como unidade 
      de medida, é a distância do cotovelo (cubitum) até a 
      ponta do dedo médio (algo em torno de 50 cm.). Por aí se vê 
      o gigantesco porte de Og; o que nada lhe valeu na batalha contra o povo 
      eleito, a quem Deus diz: "Não vos assusteis; não tenhais 
      medo deles (os povos de estatura mais alta). O Senhor, vosso Deus, que marcha 
      diante de vós, combaterá Ele mesmo em vosso lugar etc." 
      (Deut 1,29).
      [37] . Êxodo 26,1 e ss.: "Farás o tabernáculo com 
      dez cortinas etc."
      [38] . O testemunho é o texto do Decálogo (cfr. Êx 25,16).
      [39] . Curiosamente não é mencionada passagem do Gênesis 
      (37,9), em que José suscita a inveja e o ódio de seus irmãos 
      ao narrar-lhes o sonho no qual via simbolicamente o pai, a mãe e 
      os 11 irmãos prostarem-se diante dele: "o sol, a lua e onze 
      estrelas prostravam-se diante de mim".
      [40] . Trans-gredir, etimologicamente, é ultra-passar, dar um passo 
      além da lei, que é figurada pelo número dez. "A 
      lei é o número dez; o pecado, o onze. Mal ultrapassas o dez, 
      cais no onze. Portanto, grande é o mistério simbolizado nas 
      ordens dadas para a instalação do tabernáculo. Muitos 
      mistérios estão nelas representadas. Entre outras coisas foi 
      mandado que se fizessem não dez, mas onze cortinas de pele de cabra, 
      pois no pêlo de cabra se simboliza a confissão dos pecados" 
      (Agostinho, Sermão 83,7).
      [41] . Cfr. Êx 26,7.
      [42] . Cfr. Apoc 21,19 e ss.
      [43] . A Antiga Lei (10) + a Trindade (3) = 13.
      [44] . Esta interpretação de Rábano Mauro é 
      especialmente forçada.
      [45] . Na verdade, Gál 1,18.
      [46] . Como diz o próprio Paulo (cfr. Gál 2, 8), Pedro é 
      o apóstolo da lei e ele, Paulo, o dos gentios. Em todo caso, a interpretação 
      de Rábano Mauro é muito forçada.
      [47] . Em Migne, este parágrafo é precedido da sentença: 
      "Sedecim ad numerum sedecim prophetarum".
      [48] . Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, 
      Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, 
      Ageu, Zacarias e Malaquias.
      [49] . Mencionados no capítulo referente ao número 2.
      [50] . Diz Isidoro: "Os hebreus se valeram das 22 letras (de seu alfabeto) 
      para indicar os livros do Antigo Testamento" (Etym. I,3,4).
      [51] . Provavelmente em Ez 11,1 e ss. Em todo caso, a interpretação 
      de Rábano Mauro é muito forçada.
      [52] . Cfr. Êx 26,2.
      [53] . Como se verá adiante, para Rábano Mauro o fruto de 
      sessenta por um é dado pelos viúvos, e o de cem por um, pelos 
      mártires e pelas virgens.
      [54] . E Mc 1,9.
      [55] . O povo escolhido passou 40 anos no deserto.
      [56] . Pentecostes em grego significa qüinquagésimo.
      [57] . Cfr. I Re 5,15.
      [58] . Cfr. Núm 11,16. O texto de Migne equivocadamente diz setenta 
      e dois.
      [59] . Cfr. Lc 10,1.
      [60] . O texto de Migne equivocadamente diz 75, em vez de 70, e refere-se 
      ao livro dos Atos dos Apóstolos, ao invés do Gênesis.
      [61] . O texto de Migne equivocadamente diz setenta.
      [62] . Rábano Mauro interpreta Gên 6,3 ("e serão 
      os seus dias cento e vinte anos") como tempo de penitência.
      [63] . Passagem ininteligível em Migne que, erradamente, diz doze. 
      Na verdade, Rábano Mauro propõe que a soma 1 + 2 + 3 ... + 
      14 + 15 = 120 simbolize (Atos 2,1) a "reunião num mesmo lugar" 
      (soma) dos 120 fiéis.
      [64] . Migne equivocadamente diz 154.
      [65] . Migne equivocadamente diz 500 e 5, ao invés de 600 e 6.
      [66] . Cfr. Êx 7,6.
      [67] . Pacífico, o rei Salomão, figura de Cristo. Segundo 
      os etimologistas da época, Salomão significa pacífico. 
      "Pois - diz por exemplo Agostinho -, o nome Salomão significa 
      em latim Pacífico" (Sermão 10,4).
      [68] . Prefigurado em Salomão.
      [69] . Cfr. Êx 12,37.