A principal coluna de nosso edifício
Extrato do Quadro Natural das Relações Existentes Entre Deus, o Homem e o Universo
Louis-Claude de Saint-Martin


Coloquemos aqui a principal coluna de nosso edifício e examinemos os caminhos que a Sabedoria não cessa de empregar para proporcionar ao homem essa reação superior, sem a qual todos os frutos de sua natureza seriam reprimidos no germe. Se o homem, excluído da morada onde reside a luz não pode hoje contemplar o pensamento, a vontade e a ação supremas, no conjunto ou em separado, ele as pode reconhecer ainda numa subdivisão relativa a ele somente, ou seja: numa multidão de imagens de todos os gêneros que o cercam e estão destinadas a fazê-lo reagir e abrir os olhos à verdade. Sem essa reação, o homem não seria culpado de permanecer nas trevas sem recobrar a idéia das faculdades de seu modelo. Se entre os Seres materiais não houver nenhum que possa manifestar sem reação o que nele existe, há, do mesmo modo, uma reação para o espírito do homem, que tem como eles um princípio gerador. Também o homem não pode olhar em torno de si sem perceber as imagens mais expressivas das verdades que lhe são necessárias. O princípio supremo manifesta de início a existência de suas faculdades criadoras pela existência da matéria, pois todo indivíduo material é e só pode ser uma criação. Manifesta, além disso, a lei progressiva da ação dessas faculdades pelas ações sucessivas e geradoras dos elementos. Eis a ordem dessas últimas. Há um fogo princípio invisível, incoercível, do qual procedem todas as substâncias particulares que constituem os corpos. O fogo princípio é indicado pelo Flogístico que exala das matérias em dissolução. Produz três atos sensíveis. Pelo primeiro, gera o fogo material e visível, representado nos animais pelo sangue. Esse fogo grosseiro é tríplice pelo que contém em si de água e de terra, mas essa triplicidade é simples, porque ainda não há separação. A segunda operação separa do fogo visível e material um fluido aquoso muito mais grosseiro, representado pelo germe animal extraído de seu sangue ou do princípio universal difundido na forma. Esse fluido aquoso, germe, água, é dupla, pois está unida com à terra, sendo produzida pela segunda ação. A terceira ação separa da água a terra, o sólido ou a forma. Aos nossos olhos, a forma parece simples ou una, mas essa simplicidade é tripla por suas dimensões e por seu nível de emanação. E é nisso que se opõe ao fogo, cuja triplicidade é simples. Eis a lei progressiva e numérica dos atos sensíveis, gerais e particulares das faculdades criadoras e universais. Vê-se aqui como as coisas se tornam físicas e grosseiras. À medida que descem, vemos de onde vêm as disputas dos Filósofos que pretenderam - uns, que tudo vinha da água; outros, do fogo; e outros do mercúrio ou da terra. Todos tiveram razão e tudo depende do grau de progresso em que se detiveram. Há também uma lei ascendente pela qual as emanações das faculdades elevam-se ao seu Princípio gerador, sendo o inverso da primeira - mas, agindo ambas circularmente, elas se sucedem sem se prejudicarem, operando de comum acordo, segundo a razão dupla que constitui o tempo. Por essa lei ascendente, a forma sólida e terrestre desaparece, liqüefazendo-se ou tornando-se água. A água se volatiliza e desaparece, sendo devorada pelo fogo elementar. O fogo elementar desaparece, entrando novamente em seu fogo princípio, cuja ação voraz, mas invisível, será demonstrada pela ação do próprio fogo elementar, que consome sob nossos olhos os objetos que produziu. Como as forças descendentes e ascendentes das faculdades criadoras universais estão perpetuamente em ação diante de nós, podemos sempre descobrir a fonte de onde provêem todas coisas e onde elas devem entrar novamente. Cada um dos graus que acabamos de observar é como um farol que ilumina os pontos superiores e inferiores, no meio dos quais está colocado na progressão circular. Mas ponderemos sobre os objetos elementares na classe terrestre: embora não possamos atingir nela o seu Princípio gerador, podemos pelo menos perceber-lhe e admirar-lhes as leis. Se contemplarmos os corpos e os elementos em seus feitos e atos temporais e terrestres, poderemos reconhecer uma imagem da atividade contínua das faculdades criadoras universais pelo estado perpétuo de eflúvios e transpirações onde estão, simultaneamente, os Seres de todas as classes de nossa região. Veremos que, entre os três elementos, o fogo sobe, a terra desce e a água percorre uma linha horizontal, para ensinar-nos que a ação das faculdades superiores, da qual os elementos são os órgãos, preenche e mede toda a extensão da circunferência universal. Se considerarmos as propriedades dos três reinos, encontraremos neles o índice dos poderes ocultos, dos quais são o emblema e a expressão. O ouro, por sua surpreendente ductilidade, mostra-nos a prodigiosa extensão das forças da Natureza, que por esforços infinitos transmite suas virtudes até aos seres mais distanciados, estabelecendo com isso uma correspondência universal. As plantas absorvem os vapores impuros da atmosfera. Ao combiná-los às suas emanações, dissolvem-nos, devolvendo-os com qualidades menos maléficas, para ensinar-nos novamente, e fisicamente, que a existência dos seres da Natureza só tem como fim atenuar os males e as desordens. Se as plantas produzem efeitos indiferentes durante a noite, ou mesmo durante o dia quando não estão expostas aos raios do sol, é que, ocupando entre os três reinos a mesma posição da água entre os três elementos, elas são particularmente, como a água, um tipo duplo: podem mostrar alternativamente os efeitos vantajosos realizados por um Agente à vista de seu princípio de reação e os efeitos funestos aos quais fica reduzido aquele que deles se separa. Quanto ao reino animal, vemos uma representação ativa da celeridade com a qual a vida do grande Ser se comunica com toda a cadeia de suas criações por esse movimento rápido e uno, que transmite, ao mesmo tempo, a ação do sangue em todas as artérias, não tendo necessidade alguma de progressão nem de qualquer intervalo para passar do centro aos extremos mais afastados. Por fim temos o ar, ser à parte dos elementos, símbolo sensível da vida invisível, cujo destino é purificar a terra, já que sua ação é mais regulada e mais constante, conforme os climas em que ele age estejam, em grau maior ou menor, expostos às exalações corrompidas. À imagem da ação superior, o ar opera a reação geral dos corpos penetrando até o seio de todos os germes. Torna-se assim um móvel universal, onde os Seres encontram o que deve contribuir, seja para sua existência, seja para sua salubridade. Pois há um ar para a terra, um ar para a água e um ar para o fogo. É verdade, pois, por obscura que seja nossa morada atual, que não podemos dar um passo sem termos à nossa volta os signos visíveis dos móveis criadores vivos que ainda nos são desconhecidos. A Natureza celeste nos apresentará a mesma verdade. Embora estejamos privados da visão do Princípio que move os astros, embora estejamos mesmo prodigiosamente afastados deles, usufruímos sua luz, recebemos a emanação de seu fogo. Podemos até formar conjecturas ousadas e brilhantes sobre a ordem que receberam quando de sua origem e sobre o verdadeiro objeto de sua existência. A tal ponto, os Sábios pensam que todas as leis dos seres sensíveis estejam escritas neste vasto e magnífico Quadro e que a mão divina envolveu a terra para que aqueles que nela habitam possam ler nela, a todo instante, os sinais e os caracteres da verdade. Assim, o conjunto do Universo material nos descreve, num brilho pomposo, a majestade das Potências supremas. Nele vemos astros brilhantes distribuindo sua luz pelo Mundo, os Céus corporais imprimindo as leis e os modelos dos seres no ar da atmosfera, estes trazendo os planos à terra e a terra executando-os com um ardor e uma atividade que jamais têm descanso. É, pois, verdade que a Natureza universal é para o homem como que uma grande árvore cujos frutos ele pode contemplar e saborear o bastante para consolar-se do fato de não poder ainda descobrir-lhe os germes e as raízes. Através desses quadros, a Natureza não somente apresenta ao homem, as marcas daquilo que ele pôde contemplar em sua origem, mas ainda lhe ensina a fixar a vista no quadro primitivo e nos meios que deve empregar para readquirir seu deleite. As leis dos seres da região sensível fornecem ao homem muitas instruções claras do que tem a fazer todos os dias para recuperar o esplendor e a glória. Todos os corpos da Natureza tendem a despojar-se de suas cascas grosseiras para devolver ao Princípio que os anima o brilho que ele traz em si mesmo. O fogo, próprio a cada um deles, coopera sem cessar nessa grande obra purificando continuamente as substâncias de que eles se nutrem. Nosso sangue mesmo está destinado a preencher sem descanso essa importante função: deve preparar nossas bebidas, nossos alimentos, separar o puro do impuro e empregar sua ação para afastar tudo o que eles contêm de maléfico e por demais material. Isso certamente equivale a ensinar ao homem o emprego dos dois principais agentes que nele há: a inteligência e a vontade. Ele dever aplicar o fogo delas sobre as substâncias intelectuais que lhe são oferecidas, separar delas tudo o que não seja análogo ao seu ser pensante a fim de deixar entrar apenas as seivas vivificantes e puras como ele e com as quais possa formar a união, a harmonia e a unidade que é, ao mesmo tempo, o objeto e o termo de todas as ações e de todos os seres da Natureza. Quanto ao fogo em geral, ele ensina aos homens o que seriam os seus deleites e luzes se exercessem com perseverança as faculdades que neles existem, levando-lhes a ação até o ponto que sua essência lhes permitisse atingir. O fogo tem o poder de vitrificar os corpos, isto é, de purgá-los de tal maneira de suas escórias e cascas que seu princípio radical chega, de algum modo, à pureza e simplicidade naturais. Com isso, tais corpos, cuja opacidade os tornava impenetráveis à nossa vista e nos interceptavam os outros objetos, adquirem uma claridade visível e uma transparência cujos efeitos não impõem mais limites a nossos desejos e conhecimentos. Eles dão aos homens o meio de usufruírem a luz dos astros sem se ressentirem dos rigores da atmosfera e de existirem no meio das intempéries da região terrestre não lhes recebendo os ataques, como se eles realmente não ocorressem. Imagem grosseira, mas instrutiva, duma outra espécie de segurança que o homem pode igualmente alcançar no meio das tormentas que resmungam nessa tempestuosa morada. Dão-lhe esses corpos o meio de penetrar nos mistérios da natureza; de perceber, por um lado, maravilhas que a pequenez dos objetos parecia haver para sempre excluído de seus conhecimentos; por outro, de dirigir os olhos à região mais elevada dos astros. Eles colocam o homem em condição de medir-lhe as dimensões, calcular-lhe os movimentos e ler, como que sem disfarce, as leis dos grandes móveis do qual ele se acha separado por uma distância tão prodigiosa que nem poderia supor a existência de muitos que escapam à visão simples. Todos esses fatos são para o homem outros sinais a demonstrar que, tivesse ele coragem de conduzir a própria vontade ao seu verdadeiro ponto de depuração, concederia ao seu Ser intelectual uma careza e uma transparência análogas à sua classe, conseguiria um grau de purificação que o faria não apenas descobrir a marcha dos Seres materiais que o rodeiam, mas também o ajudaria a elevar-se até à ordem intelectual mais acima dele, até à ordem viva da qual hauriu a origem, mas da qual está hoje tão afastado que a julga inacessível à visão. No sensível e no intelectual ele está certo de que só existe esse grosseiro, a mácula formada para o homem pelas trevas, os afastamentos e as distâncias, e de que tudo está claro para ele, tudo está junto dele quando nele tudo é puro. Apesar de todas as belezas gravadas na criação temporal, admitamos que nelas só vemos leis de rigor e violência, fatos não livres e que nem mesmo demonstram uma inteligência nos agentes que os operam, embora fora deles haja necessariamente uma inteligência para comandá-los em todos os seus atos, executados com ordem e regularidade. Seria, pois, em vão que na matéria buscaríamos imagens reais e permanentes do Princípio da vida, do qual infelizmente estamos separados. E se o homem não tivesse tido outros sinais além dos objetos materiais para recuperar o conhecimento desse Princípio, a Justiça divina teria pouco a lhe pedir. Já observamos que no homem, por mais corrompido que seja, sempre se encontram vestígios de virtudes e faculdades estranhas a qualquer Natureza material. Vimos que as idéias da justiça e da benignidade eram conhecidas em todos os séculos e Povos, embora as tenham tantas vezes desfigurado, havendo mesmo aplicado seus nomes respeitáveis a objetos criminosos. E além do mais, levando em conta a forma corporal, o homem poderá provar a si mesmo que possui virtudes mais ativas ainda do que essas de que acabamos de falar. Podemos dizer que ele traz em si os sinais vivos de todos os Mundos e Universos. E se considerarmos intelectualmente três dos principais órgãos que lhe ornam a cabeça, veremos por que o órgão da audição é completamente passivo, recebendo impressões e nada retornando; por que os olhos são ativos e passivos, exprimindo exteriormente as afeições internas e transmitindo ao interior as impressões dos objetos exteriores; e por que a língua é um órgão totalmente ativo, com o dobro do poder de traduzir com a mesma faculdade as operações do pensamento ou do raciocínio e os movimentos ou paixões da alma. Podemos mesmo levar nossas observações intelectuais até o centro invisível que anima os três órgãos, até a morada oculta do pensamento, cuja sede está no interior da cabeça, assim como a Divindade suprema estabeleceu o seu centro num santuário impenetrável, embora seus atributos lhe manifestem a existência e a ação a todos os Seres. No homem invisível encontraremos o número das faculdades do Princípio divino que formam o tipo de todos os Seres. Embora não mais atuem em nós senão por uma sucessão lenta e penosa, em nós elas são absolutamente indivisíveis como o são na Divindade. Deveriam ter exatamente o mesmo objeto. E se o homem não tivesse o direito funesto de extraviar-se apenas pelo poder da vontade, existem aqueles que não se reconheceriam diferentes de seu modelo. Independentemente dos objetos da Natureza que cercam o homem e lhe exprimem o princípio, ele possui o meio mais vantajoso e mais verdadeiro de reconhecê-lo em si mesmo e nos semelhantes. É certo que, como Deus retratou a si mesmo em todas as obras da Natureza, e mais particularmente no homem, nada existe nas nossas trevas que não leve seu sinal e a imensidade das imagens de Deus. Verdade luminosa que deve servir de guia garantido para descobrir as imagens que possam preencher os desejos do homem. Na união do homem com o Universo, podemos eximir-nos de perceber um esboço ativo da harmonia divina em que o primeiro Ser nos é representado como dominando todas as inteligências e delas recebendo o tributo e a homenagem que devem à sua grandeza? E realmente, que posição ocupa o homem na terra? Todos os seres da natureza agem em torno dele, todos trabalham para ele: o ar, o tempo, os astros, os ventos, os mares, os elementos, tudo age, tudo contribui para seu bem-estar, tudo concorre para sustentar-lhe a existência. Só ele, no meio desse vasto império, tem o privilégio de poder ser superior à ação temporal. Pode, se quiser e para isso tiver coragem, apropriar-se de todos os dons e Virtudes do Universo. O único tributo que a Sabedoria exige do homem ao deixá-lo empregar tais benefícios é que ele lhe renda glória e a reconheça como soberano árbitro de tudo o que existe; que restabeleça em suas faculdades a mesma lei, ordem e regularidade que ele vê dirigir os Seres da Natureza. Em suma, que em lugar de agir em seu próprio nome, como sempre faz, ele aja sempre, como os Seres, apenas em nome do Deus vivo que o criou. Eis a grande obra, ou a mudança da vontade a respeito da qual dissemos que as Potências da Natureza vêm sendo empregadas desde a origem das coisas, sem ainda terem podido operar. "Mas a superioridade do homem sobre a Natureza é demonstrada de maneira mais ativa pelas simples manipulações que ele pode executar na matéria, as quais nos devem dar uma idéia maior da extensão de seus direitos. Não há corpo material algum, por mais duro e cristalizado que seja, do qual não se possam extrair os princípios que servem para gerar todos os corpos dos três reinos. Para isso, basta empreender uma marcha oposta à seguida pelo corpo duro para chegar a esse estado de solidez. É preciso, pois, começar trabalhando em sua dissolução. Embora o homem saiba operar bem poucos tipos de dissolução, não deixa de ser verdadeiro que eles são possíveis, visto que a Natureza, por suas operações segundas, disso nos fornece todos os dias a prova e os meios. Pois, na ausência de ciência, podemos ao menos aproveitar exemplos da Natureza, sempre pronta a suprir nossa fraqueza e ignorância. Mas é preciso nos lembrarmos de que as criações resultantes de nossos procedimentos serão sempre inferiores às realizadas imediatamente pela Natureza, as únicas que merecem ser ligadas ao seu reino, como trazendo sobre si grandes caracteres. "Sem perdermos de vista essa prudente observação, pulverizemos o sal mais compacto, o mármore e o granito mais duros. Exponhamos esse pó, que não podemos tornar fino demais se quisermos ter êxito, deixemo-lo exposto ao ar livre da atmosfera, sem água, protegido o mais possível da chuva, da poeira e dos corpos estranhos já determinados. Pouco a pouco o ácido do ar agirá sobre o sal pulverizado, extraindo-lhe as substâncias análogas a si e deixando de lado as outras que, com o correr do tempo, converter-se-ão inteiramente em terra vegetal. Desde que se tenha a posse dessa terra vegetal, estão feitas todas as descobertas. A umidade do ar une-se a ela, fazendo nascer pequenas plantas. Atingindo o ponto de maturidade, as plantas sofrerão uma nova operação, ou dissolução mais natural que a da infusão grosseira, e delas veremos nascer insetos e até algumas espécies de metais, se soubermos proceder. Isso será uma demonstração completa de que o princípio universal está distribuído em todos os corpos. Que não se creia que aqui eu esteja contradizendo o que foi anteriormente adiantado sobre a fixidez dos caracteres dos Seres, que jamais podem elevar-se a outra posição além da que lhe foi dada pela Natureza. Nos procedimentos de que falamos, as transmutações só acontecem porque os diferentes germes inatos em cada corpo separam-se uns dos outros para agirem livremente segundo sua lei, mas nenhum deles deixa seu reino. É preciso observar ainda que os resultados das transmutações caminham sempre para a degeneração e que, quanto mais se repete o procedimento com as mesmas substâncias, tanto mais fracas são as reproduções delas procedentes, o que as torna cada vez mais inferiores às produções primeiras da Natureza. Podemos, contudo, admirar os direitos do homem, já que, por sua liberdade de uso para fazer diversas substâncias materiais ele tem o poder de transmutar tudo o que se encontra em seu recinto, converter terras em materiais, plantas em insetos e estes numa nova terra, da qual resultarão novas combinações; com um só procedimento, pode transformar animais e plantas em minerais e sais, os rochedos mais duros em corpos organizados e vivos e, de alguma forma, mudar o aspecto de tudo o que dele se aproxima. Não hesitemos em aplicar essas observações aos objetos imateriais. Para o homem, ou eles estão todos separados, ou como que introduzidos nas substâncias e envoltórios que parecem gerar-lhes a ação. Mas como ele próprio é um dissolvente universal, de alguma forma poderia, se gozasse dos direitos de sua inteligência, realizar na classe dos objetos intelectuais o mesmo que faz nos corpos por meios dos agentes sensíveis e corporais. "Tudo nos incita, pois, a crer que o homem, restabelecido em seus direitos, poderia agir tanto nos Seres imateriais corrompidos quanto nos Seres puros dos quais atualmente está separado por fortes barreiras.