Alfabetos Sagrados
Saint-Yves d'Alveydre ( o arqueometro)


O Patriarcas revelaram seus testemunhos em diversas formas, das quais mencionaremos duas:
1º: Eles têm enxertado a Palavra humana na cosmologia ou razão social das Potências e de suas funções do Universo. Daí os alfabetos sagrados solares-lunares, seus derivados horários, lunares, mensais, decânicos, etc, e toda essa língua maravilhosa dos equivalentes cientistas da Palavra, chamada língua dos anjos. Nós reconstituímos todo esse conjunto cosmológico perdido desde a divisão das línguas. Permaneceram, não obstante, alguns traços com o nome de Selo cosmológico do Deus Vivente. Entre os arianos, é o Arka-Metra dos Vedas; entre os egípcios, é o Selo divino comportado levado pelo profeta nas procissões hieráticas; entre os judeus, é o selo de IHOH, chamado AMaTh por Moisés, pelos seus ALHIM e seus sucessores, os colégios de Nabim fundados por Elias e Eliseu. Por último, na Barith ha Kadosha, é o Selo de Deus mencionado por São João em numerosas ocasiões, é o sinal do anjo ou enviado divino, regulado sobre o Oriente espiritual:

2°: Os patriarcas fundaram o Estado social humano de acordo com o padrão do Estado social cósmico e de suas Potências. Um teólogo diria com razão a mesma coisa com outras palavras: eles fundaram a Igreja militante sobre a triunfante.

Esses termos devem ser usados somente quando se trata de religião; diremos aqui apenas que, desde o ponto de vista da ciência, os primeiros patriarcas conheceram a solidariedade dos dois modos de existência que abrem o nascimento e a morte e dos meios próprios a esses dois modos. Esses meios são: o céu astral, para a assimilação fisiológica de suas substâncias por via da reprodução e da nutrição vegetativa e, depois da Morte, ou melhor, após a passagem, o céu fluídico, para o retorno à espécie e à assimilação direta das substâncias supra-etéreas.
Isso, conforme o grau de pureza realizado pela liberdade e pela responsabilidade da alma.
Todos os sábios dignos desse nome que estudaram a Antigüidade sob qualquer ponto de vista ou especialidade, todos chegaram à mesma conclusão sobre uma civilização primordial, em uma unidade e universalidade do espírito humano tanto mais perfeita quanto mais nos aproximamos dessa fonte única. Nossa civilização, ainda selvagem, permite apenas entender seu Estado mental, governamental e a sociologia. É por isso que também se vê todo esse Estado social fundado sobre o culto aos pretensos mortos, quer dizer, sobre a vida imortal verificada na ciência, pelo conhecimento e pela consciência.
Se falarmos disso com profundidade, com as provas na mão, seríamos pouco compreendidos, inclusive pela corrente de inteligências que temos levantado, há mais de trinta anos, um pouco por todas as partes.
Entre os monumentos que são testemunhas do grau de conhecimento dos mais antigos patriarcas, temos que inscrever na primeira categoria a fisiologia do tempo, a organização de suas funções, a harmonia de suas potências, a lógica de suas revoluções. É essa síntese que encerra em si mesma todas as suas análises competentes, o que era para eles a mesma ciência, subordinada a consciência e à previsão ou providência da razão cósmica do Verbo universal, criador de toda a existência e seu conservador para uma perpétua renovação cíclica.s
Nenhuma Universidade existente, por mais antiga que seja: a Brahmânica ou a Chinesa, ou outra Universidade desaparecida, tão antiga quanto suas precedentes: a etíope, a egípcia ou a caldéia, pode gabar-se de ter inventado essa maravilhosa proto-síntese. Todas têm preservado seus vestígios, suas fórmulas, sem possuir por completo nem sua unidade, nem suas leis. Todas têm algumas chaves parciais da proto-síntese, porém lhes falta a chave geral. Todas elas a afirmam e confirmam; mas nenhuma pode considerar-se a sua conservadora completa, nem mesmo sua intérprete cientista. O Arqueômetro preencherá as lacunas existentes para todas as provas que podem dar o Princípio supremo: o Verbo, a observação das leis na experimentação dos fatos.
O que aparece como razão social, como acordo de Potências e de funções harmônicas no Universo visível, é o próprio Verbo? A existência universal, renovada incessantemente, é a vida? O homem, como reflexão da incidência universal, possui esse Verbo e essa vida? Tais são as questões que se propuseram necessariamente perante a inteligência dos primeiros patriarcas, quando tiveram conhecimento do Ciclo da ciência, de sua unidade racional e de sua universalidade fisiológica. A força da verdade os levará a concluir com a negação de todos esses pontos, e isso por observação e por experiência.
A razão social do Universo visível leva o Selo do Verbo, porém ela não é mais o próprio Verbo, não mais que o Selo real, não é o rei, o mesmo que uma Tora escrita não é Deus.
Essa razão é social por associação de Potências em funções harmônicas, e essas potências são inteligentes e livres. Sua harmonia é o fruto da liberdade de sua inteligência e de seu amor. Seu Estado social tem como base não só a Tora divina, que é sua carta de constituição, a ciência de que o Universo visível é o fato confiado à sua guarda, mas o ser inefável, adorável desde sempre, que as criou antes deste Universo. Para esse ser, a mesma ciência não é mais do que um instrumento da suprema inteligência, de amor inconcebível, de previsão e de providência inesgotáveis para tudo e para todos os que, sem ele, não seriam mais que o caos e o nada.
Com qualquer nome que se lhes atribuam - Potências, ALHIM, anjos ou deuses -, esses guardiões das funções universais estão para o Verbo como as letras para as palavras. Cada um, de acordo com a sua função, preside todo um regime das Forças dos Céus astrais. De modo que, pelos Ciclos do tempo orgânico, essa função se estende imediatamente por meio do Éter, em todo o Universo, em todas as hierarquias de seres e de coisas que o duplo céu visível contém em si, até o fogo central de cada globo, fogo que ele mesmo não faz somente parte do céu astral, mas sobre todo o céu fluídico.
Tais são as Potências, cada uma em sua função tomada isoladamente. Porém, sua harmonia funcional constitui seu estado social, e seu produto é a existência universal, renovada continuamente de acordo com os reinos, as espécies, os gêneros, cuja conservação e, se existe lugar para isso, destruições lhes são confiadas pela razão suprema.
A existência é a vida? Os primeiros patriarcas não tiveram que fazer nada além de observar-se para encontrar a resposta. O homem não tem o verdadeiro pensamento mais que por reflexão. Não tem existência mais que por reprodução. A mesma coisa acontece com todos os astros, com todo o Sistema Solar e com a totalidade do Universo astral. Somente o que é reflexão no homem se chama, aí, evolução na involução anual, e o que é reprodução na fisiologia humana se chama, aí, de renovação na fisiologia geral.
Porém, a existência proclama a vida, fato supremo, inegável; ela confirma esse milagre inexplicável somente para a ciência exotérica.