O MARTINISMO CONTEMPORÂNEO E SEUS CRÍTICOS

PAPUS. Paris, 1895

Adaptado pelo Amado Irmão Monte Cristo SI


Derivando diretamente do Iluminismo Cristão, o Martinismo acabou adotando seus próprios princípios. Eis porque a Hierarquia é em geral, nas Organizações formais feitas de cima para baixo: O Grão Mestre ou Presidente da Ordem nomeia os membros do Comitê Diretor ou Grandes oficiais, estes designam os membros do Supremo Conselho, os Delegados Gerais.

Os Delegados Gerais nomeiam os Presidentes das Lojas ou Heptadas, os quais designam seus oficiais e são oficiantes de suas estruturas, tendo funções administrativas e ritualísticas. Todas as funções são inspecionadas diretamente pelo Supremo Conselho, através de seus inspetores ou Mestres Distritais e Provinciais

Eis a síntese de uma organização que pôde, sem dinheiro, adquirir considerável extensão e resistir até o presente todas as tentativas de desmoralização, lançadas sucessivamente por diversas confissões e, sobretudo, pelas intrigas .

O Martinismo sobreviveu a tudo, mesmo às calúnias lançadas contra seus membros, quem a até algum tempo atrás eram considerados subordinados ao Inferno ou magos negros, mesmo sendo reconhecidos como Cristãos e tendo como Mestres do Passado grandes Teólogos e Teurgos.

O sucesso das diversas Ordem vem confirmar a alta origem das instruções recebidas.

É através dos membros dos Supremos Conselhos que o Martinismo liga-se ao Iluminismo Cristão. As diferentes Ordens em seu conjunto é antes de tudo uma escola de cavalaria moral, que se esforça em desenvolver a espiritualidade de seus membros, pelo estudo do Mundo Invisível e de suas Leis, pelo exercício do devotamento e da assistência intelectual e pela criação em cada espírito de uma fé cada vez mais sólida, baseada na observação e na ciência.

O Martinismo constitui uma cavalaria de Altruísmo, oposta à liga egoísta dos apetites materiais, uma escola onde se aprende a dar ao dinheiro o seu justo valor, não o considerando como influxo Divino; é, finalmente, um centro onde se aprende a permanecer impassível diante dos turbilhões positivos ou negativos que subvertem a Sociedade.

Formando o núcleo real desta universalidade viva, que fará um dia o casamento da Ciência sem divisão com a Fé sem atributos, o Martinismo esforça-se em tornar-se digno de seu nome, criando escolas superiores de ciências metafísicas e fisiogônicas, desdenhosamente separadas do ensino clássico, sob pretexto de serem ocultas.

Os exames instituídos nessas escolas abrangem: o simbolismo de todas as tradições e de todas as iniciações; as chaves hebraicas e os primeiros elementos da língua sânscrita, permitindo aos Martinistas aprovados nos exames explicar sua tradição e mostrar que os descendentes dos Iluminados permaneceram dignos de sua origem.


Tal é o caráter do Martinismo. Compreende-se que é impossível encontrá-lo integralmente em cada um dos membros da Ordem, pois cada iniciado representa uma adaptação particular dos objetivos gerais. Mas esta época de ceticismo, de adoração da fortuna material e do ateísmo tem grande necessidade de uma reação francamente Cristã, ligada sobretudo à ciência e independente de todos os cleros.

Em todos os países onde se estabeleceu o Martinismo salvou da dúvida, do desespero e do suicídio muitas almas; trouxe à compreensão do Cristo muitos espíritos que as manipulações equivocadas e seu objetivo de baixo interesse material, isto é, de adoração de César, tinham distanciado de toda fé. Após ter feito isso, não importa se caluniem, difamem o Martinismo ou seus Filósofos Desconhecidos . A Luz atravessa os vidros mesmo imundos e ilumina todas as trevas físicas, morais e intelectuais.


OS ADVERSÁRIOS DO MARTINISMO E SUAS OBJEÇÕES
Apesar dos fracos recursos materiais, os progressos das várias Ordens Martinistas e grupos independentes foram rápidos e consideráveis. Mas seu sucesso originou três tipos de adversários:

1º - Os materialistas ateus

2º - Alguns clérigos mal intencionados ou mal informados;

3º - As sociedades e indivíduos que combatem o Cristo e procuram diminuir sua obra, aberta ou ocultamente.


OS MATERIALISTAS ATEUS
Os Materialistas, após terem acusado os Martinistas de alienados, -" sonhadores de outra era que nada podem fazer no século da luz e da razão" - ficaram admirados pelo rápido progresso dessa Ordem e procuraram copiar a organização dos "Grupos Martinistas" sem bons resultados; imaginaram formar "grupos de jovens ateus" Foi então que se ativeram ao problema financeiro.

OS CLÉRIGOS
Os ataques dos clérigos são mais desleais e mais diretos. Abandonando toda questão material, atem-se aos espírito. Apesar de todas as afirmações e evidências contrárias, lhes é impossível admitir que os ocultistas (e nós em particular) não consagrem ao diabo algum culto secreto. Por conseguinte, os Martinistas devem ocultar seu objeto; todos aqueles que ousam defender o Cristo.
É muito difícil convencer escritores clericais que o clero e Deus possam agir independentemente um do outro; que podemos perfeitamente admitir a bondade de Deus e a cobiça material, sem confundir-lhes um instante. Segundo eles, atacar um inquisidor é atacar a Deus.

Os Martinistas querem ser Cristãos, livres de toda dependência; as acusações de satanismo lhes farão balançar os ombros, pedindo perdão ao Céu para aqueles que os caluniam injustamente.

OS ADVERSÁRIOS DO CRISTO
Os Clérigos acusam, pois, os Martinistas de evocar Satã ou algum outro demônio em suas reuniões secretas, que jamais existiram a não ser em sua imaginação. Outras sociedades que pretendem estudar o Ocultismo e “desenvolver as faculdades latentes no homem”, sem crer, de resto, na existência do diabo, hipocritamente fazem circular cartas acusando os Martinistas de praticar “Magia Negra”.

Ora, a prática da Magia Negra consiste em fazer o mal consciente e covardemente; nada é mais distanciado do objetivo e dos processos essencialmente Cristãos do Martinismo de todos os tempos. Os Martinistas não praticam magia, nem a branca, e muito menos a negra. Estudam, oram e perdoam as injúrias da melhor maneira possível.

Os Martinistas, como os Rosa-Cruzes, sempre defenderam a verdade, agindo sem subterfúgios, publicando seus atos e suas decisões. Pelo contrário, aqueles que difamam na sombra, ocultando-se quando se vêem descobertos, escrevendo circulares hipócritas e caluniando sorrateiramente os Martinistas, temendo sua lealdade, não merecem senão a piedade e o perdão.

Vendo as faculdades latentes manifestadas através desses processos, somos levados a mostrar a esses homens que a Magia Negra começa pela difamação anônima, tão geradora de larvas no plano mental quanto a baixa feitiçaria do camponês iletrado no plano astral.

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