O Espírito de Sabedoria e o Espírito de Caridade que deveriam animar os homens

Louis Claude De Saint-Martin


Vimos mais de uma vez, que o espírito da operação Divina, tanto no homem como no Universo, é um perpétuo sacrifício, uma contínua devoção do Verbo, que se sacrifica incessantemente a fim de substituir a substância Divina em todas as criaturas, por aquela que é o tormento e a inquietação destas criaturas. Como procedemos de Deus, este espírito nos deve animar a cada momento de nossas vidas se é que pretendemos ser Sua imagem e semelhança e reviver em nós o pacto Divino. É preciso ser sábio, não só na virtude mas também na eqüidade, tendo consideração pela posição que sustentamos, assim como pela Sua honra já que Ele a confiou a nós e somos encarregados de representá-lo.

Se tudo isto foi insuficiente para nos tornar sábios, significa que somos totalmente desprovidos de caridade para com outras criaturas e regiões relacionadas a nós, já que nunca deixamos de ser sábios sem fazermos com que morram, ao invés de darmos-lhe a vida que esperam de nossas mãos. Ora, se não somos suficientemente elevados para dar vida as criaturas, vamos ao menos, deixar de nos rebaixar por causar-lhes a morte. Felizes seremos quando formos capazes de ascender um grau; a partir de então, todas as virtudes irão fluir de nós e por conseqüência promoveremos a felicidade de todas as criaturas.

O sábio trabalha para seu próprio repouso, quando limpa diariamente as manchas que obscurecem o Homem desde seu pecado; ele procura fazer com que a fonte da vida brote nele, pois só ela pode lhe dar a paz. Este é o termo ao qual deve tender todo homem justo. O homem da Caridade vai mais longe; não se contenta com sua própria felicidade, ele quer a felicidade também do que não seja ele; neste caso o espírito de caridade tem duas características distintas, uma espiritual e outra Divina. Pela primeira, o homem busca a paz de seus semelhantes; pela segunda busca fazer com que o próprio Verbo mantenha o seu sabat; é aqui que muitos são chamados e poucos são escolhidos.

Oh, ministros das coisas sagradas! não cabia a vocês ensinar ao homem tais verdades tão importantes e tão pouco conhecidas? Quem acredita, aqui neste plano, que somos os grandes supervisores dos domínios de Deus, empregados a fim de trabalhar para o Seu repouso? Pode-se dizer, até mesmo, que o homem trabalha exatamente para o contrário como se buscasse o repouso do inimigo; todos devemos nos ocupar em aliviar as feridas que o inimigo provoca incessantemente tanto nas regiões como nas coisas; todas as evidências comprovam que podemos manter esta elevada ocupação nos ligando em espírito e em verdade ao ministério do Verbo, pois se por um lado há uma progressão de abominações do homem e seu inimigo no sentido descendente desde o princípio do mundo, há também uma progressão ascendente das riquezas Divinas desenvolvida diante de nós desde a mesma época e que não deixará de se desenvolver até o fim dos tempos.

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