O COMPROMISSO MARTINISTA
Santi-Ebar SI


Somos integralmente energia, pois no universo tudo é energia de atração ou de repulsão. Em nós, são os nossos desejos que determinam a polaridade dessa energia. Se gostamos, é de atração e nos impulsiona para unir-nos ao que desejamos. Se não desejamos, essa força é de repulsão que nos afasta do indesejado.

Vejamos o que nos diz Jacob Boheme no Terceiro Texto do Misterium Pansophicum, escrito em 8 de maio de 1620 (Jacob Boheme - Revelação do Grande Mistério Divino - Polar Editorial &Comercial - pg. 85) "Portanto, posto que a Vontade eterna é livre e não pode ser aprisionada pela atração, mas a atração não pode estar livre da Vontade, porque a Vontade governa a atração, reconhecemos a Vontade como uma onipotência eterna, pois nada há que se equipare a ela, enquanto a atração é, na verdade, um movimento atrativo ou um desejo, mas sem inteligência: tem vida, mas sem conhecimento. Então a Vontade governa a vida da atração e faz o que quiser com ela. E quando a Verdade faz algo, isso não é conhecido até que se manifeste através da atração e se torne uma essência na vida da Vontade. Só então o que a Vontade fez é conhecido."

Só agimos quando temos o desejo de fazê-lo. É esse desejo que nos liga as pessoas e nos faz assumir compromissos com elas. Esses compromissos são ligações provocadas por mútuos interesses ou desejos. Temos também os compromissos que assumimos com nós mesmos. Os compromissos, não os compulsórios por legislação social, somente são assumidos por vontade própria. Mas são compromissos e devem ser cumpridos. Lembremos das Alianças que o homem já fez com o Criador e as conseqüências que sofreu por não cumpri-las. A inadimplência não nos conduz ao crescimento. A sensação de impunidade também nos leva a quebra dos compromissos.

Os compromissos não devem ser negligenciados. Se negligenciamos, a energia de atração (nosso desejo) vai reduzindo-se e torna-se de repulsão, nos afastando do caminho já desejado e comprometido. A negligência nos induz a repulsão. Se, por negligência, faltarmos hoje ao nosso compromisso, amanhã somos induzidos a nova falta, e a mais outras, assim sucessivamente até que a total inversão da polaridade, gere a repulsão que nos leva ao desinteresse e a busca da crítica para fundamentar a desculpa da inadimplência. A inadimplência e negligência não são virtudes, portanto não são ferramentas do místico.

No começo de cada ano, todo Martinista, se assim o desejar, deve assumir o compromisso com sua Ordem, com seus Irmãos e consigo mesmo, de estudar, pesquisar, ensinar para manter viva a tradição e oferecer aos novos irmãos de sua senda a oportunidade que teve e, mais que isso, estar atento ao compromisso consigo mesmo, de praticar o Martinismo, pois a humanidade espera que ele cumpra com a sua parte na senda da reintegração à origem divina.

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