As Doutrinas Antigas
Grupo hermanubis


Todas as grandes doutrinas nos dão indicações e caminhos para se atingir a verdade, o grande mistério. O Martinismo sofreu influência de todas elas e carregam no significado dos seus símbolos marcas dessa influência.

Essas grandes doutrinas tiveram duas faces : uma aparente e outra oculta.

Uma forma material, que eram as cerimônias, os cultos e os símbolos, para instigar a imaginação do povo. A outra, espiritual, onde estão os conhecimentos científicos e filosóficos, a verdade da vida somente interpretada pelos iniciados em doses proporcionais ao desenvolvimento das suas qualidades morais e intelectuais.

Com o domínio do conhecimento e interpretação dos seus símbolos entenderemos que a vida nada mais é que a evolução no tempo e no espaço, do espírito, única realidade permanente. A matéria é sua expressão inferior, sua forma variável. O Ser por excelência, O Incognoscível é fonte de todos os seres e ele é o Criador de Todas as coisas, simultaneamente triplo e uno. É a essência, substância e vida em que se resume todo o universo.

Eis porque podemos encontrar o Incognoscível no mais profundo do nosso ser, interrogando a nós mesmos na solidão, estudando e desenvolvendo as nossas faculdades: a razão e a consciência.

Interpretação das Grandes Doutrinas

A doutrina secreta acha-se no fundo de todas as religiões e dos livros sagrados de todos os povos.

Existe uma vasta literatura, onde podemos comprovar e esmiuçar sobre um tema tão sério e porque não dizer polêmico, devido às várias interpretações e formas de adoração, mas tendo em comum a crença de uma vida eterna, após o cumprimento desta passagem por esta.

Os primeiros livros em que se encontra exposta a grande doutrina são os Vedas. É o molde em que se formou a religião primitiva da Índia, onde eles celebravam Agni, o fogo, símbolo eterno masculino ou espírito criador e soma, símbolo do eterno feminino, alma do mundo, substância etérea, que em sua perfeita união constituem o ser supremo que se imola a si mesmo para produzir a vida universal.

Acreditando na imortalidade da alma e a reencarnação.

Na vasta solidão dos bosques viviam, em retiro, os rishis. Intérpretes da ciência oculta da doutrina secreta dos vedas, eles já possuíam os misteriosos poderes transmitidos através dos séculos de que gozam ainda os faquíres e os iogues.

Desses solitários saiu o pensamento inovador, o primeiro impulso que fez do bramanismo a mais colossal das teocracias.

O inspirador das crenças dos Hindus, Krishna, aparece na história como o primeiro reformador, sendo que renovou a doutrina védica apoiando-se sobre as idéias da trindade, da imortalidade da alma e de seus renascimentos sucessivos.

E através desta teoria, conquistou muitos seguidores e desenvolveu muitos conceitos e ideologias, entre tantos ensinamentos de sua teoria dizia aos seus seguidores escolhidos : "Revelei-vos os grandes segredos. Não os digais senão àqueles que os podem compreender, sois os meus eleitos : vedes o alvo. A multidão só descortina uma ponta do caminho".

Por estas palavras a doutrina secreta estava fundada.

A moral budista por sua vez já preconizava aos seus adeptos milenares : é necessário praticar o Bem porque o Bem é o fim supremo da natureza. A Ciência e o Amor são os dois fatores essenciais do Universo. Enquanto não os adquirir, o ser está condenado a prosseguir na série das experiências terrestres.

Em Dhmmapada encontramos estas orientações morais : Assim como a chuva passa através de uma casa mal coberta, assim a paixão atravessa a alma pouco refletida. Pela reflexão, moderação e domínio de si mesmo, o homem transforma-se numa rocha que tempestade alguma pode abalar. O homem colhe exatamente aquilo que semeou.

No Egito onde às portas do deserto erguem-se os templos e as pirâmides, o culto de Ísis e Osíris também apresentava duas faces. Debaixo dos grandes espetáculos e cerimônias públicas ocultava-se o verdadeiro ensino dos pequenos e grandes mistérios. A antiga doutrina, do verbo Luz, simultaneamente inteligência, força e matéria; espírito, alma e corpo, analogia perfeita com a filosofia da Índia, foram o segredo da vitalidade do Egito.

Sob formas austeras os princípios desta doutrina eram expressos pelos livros sagrados de Hermes, que durante sua iniciação teve uma visão na qual conversou com o Grande Ser, Osíris e sua visão eram transmitidas vocalmente de pontífice a pontífice e gravada em sinais hieróglifos nas abóbadas das criptas subterrâneas.

Elas reconheciam Deus como Pai, pregava o fogo das profundezas e a luz no Céu, ou seja um plano superior, onde o Destino do espírito humano tem duas fases : Cativeiro na matéria e ascensão na luz. Almas inferiores e más ficam presas a vários renascimentos na terra, porém as almas virtuosas sobem voando pare esferas superiores, denominadas em sete juntam: sabedoria, amor, justiça, beleza, esplendor, ciência, imortalidade. E "esta visão encerra o segredo de todas as coisas".

Pitágoras, que havia estudado por 30 anos no Egito, levou para a Grécia, através da sua Academia de Crotona, as doutrinas secretas do oriente e soube fazer delas uma vasta síntese, tendo como sucessores de sua obra Sócrates e mais tarde Platão, sendo que Platão foi também iniciado nos grandes mistérios egípcios e Sócrates condenado a beber cicuta pelo fato de insurgir contra os vícios que corrompiam a mocidade de seu tempo, legando, no entanto, até o momento de seu sacrifício, seus ensinamentos.

No Egito, na Grécia ou na Índia, os Grandes mistérios consistiam de uma mesma coisa : o conhecimento do segredo da morte, a revelação das vidas sucessivas e a comunicação com o mundo ocultam.

Os Hebreus eram uma ilha de monoteísmo cercada de povos politeístas por todos os lados. Como máximo legislador se destaca Moisés, cuja maior contribuição à humanidade não foi o seu Pentateuco, os seus cinco livros (Gênesis, Deuteronômio, Êxodo, Levítico e Números) com que se abre a Bíblia Sagrada dos Cristãos... mas sim o decálogo recebido no Monte Sinai encerrando Mandamentos de valorização e enobrecimento da Alma.

Assim em uma pequena manjedoura em Belém de Judá, no silêncio da noite, nasce segundo a tradição JESUS, sendo que até o encontro com João Batista, os evangelhos guardaram um silêncio absoluto sobre seus passos, e somente após este encontro de algum modo tomou posse de seu mistério, passando vários anos com os essênios e não coincidentemente após o Batismo temos Yeschouá e não mais Jesus de Nazaré.

Submeteu-se a sua disciplina, de ordem severa, onde para ingressar era necessário um noviciado de um ano. Quem dava provas suficientes de temperança era admitido, sem contudo entrar em contato com os mestres. Eram precisos mais dois anos de provas recebido na confraria. Jurava-se "por terríveis juramentos" observar os deveres da ordem e nada revelar de seus segredos.

Sendo assim houve uma relação íntima entre a doutrina de Yeschouá e a dos Essênios, que evidentemente eram considerados irmãos ligados a eles pelo juramento de seus mistérios. Sendo assim Ele próprio dizia : "Não vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para cumpri-las".

Conseqüentemente acumular riquezas materiais ou mesmo viver escravo das mesmas, é tão temporário quanto este corpo que possuímos, porque nada poderemos carregar junto na passagem da continuidade desta vida, o conhecimento material alarga a visão do homem para que melhor se situe no mundo e acima de tudo se torne mais amigo das coisas belas e mais irmãos dos seus semelhantes ...

Quanto ao dinheiro, poderíamos compara-lo à água. Se parada é a estagnação ... Se corrente, é a benção dos vales ... Se desgovernada, é a inundação semeando a destruição ... Se sob controle, é a represa convertendo-se a energia ... Sob o Sol, evapora-se de onde está em excesso e faz-se chuva sobre a gleba ressequida ... Sob o calor do nosso Amor, as moedas podem ir em socorro da dor alheia na forma de chuva de benefícios, angustiadamente esperados ... Por este motivo, recomenda-se aos Martinistas fazerem a caridade a quem lhes pede, independente se aos seus olhos o pedinte for merecedor ou não de suas moedas, nunca saberemos se um único pedaço de metal foi ou não capaz de salvar uma vida em desespero.


O Martinismo deve despertar em cada um de seus obreiros uma verdadeira natureza de alma imortal a despeito dos disfarces da vida material ... O corpo não passa de um envoltório que é passageiro, que é perecível, que é falaz ... As circunstâncias da vida como a cultura, o dinheiro, a saúde, a fama, o poder, a casa bonita, o último carro, as iguarias deliciosas, o leito macio, tudo isso é um breve estágio porque estamos passando ... Uma ligeira oportunidade de evolução que o Criador, por infinita Misericórdia, nos está concedendo para o nosso progresso em todos os sentidos.

Nas experiências deste mundo não raro encontramos, como pano de fundo, os gemidos da dor, as angústias do desespero moral, onde se desfazem as ilusões e descobrimos a nossa verdadeira natureza. Atinamos enfim com a nossa individualidade espiritual.

Amados Irmãos o Criador não nos destinou para a brevidade desta existência terrena. Não embora o estágio na Terra seja sumamente valioso para o nosso progresso evolutivo, a verdade é que somos cidadãos do infinito.

E um porvir cheio de nobres realizações inimagináveis nos aguarda no Grande Além. Emoções que a linguagem humana não consegue definir, inundam de ventura perene o ânimo da Alma em sua trajetória de ascensão sublime para a Glória daquele que não podemos compreender perfeitamente e ao qual chamamos de Incognoscível.

O homem que se fecha em si mesmo ou só se abre às coisas corriqueiras do seu estreito mundo material é incapaz de conhecer o que seja a vida da alma.
E nós Martinistas, seja qual for a sua Ordem ou Obediencia, que tivemos a grata oportunidade de iniciarmos nos mistérios do S e do I , somos conclamados a esta reflexão cada vez que adentramos ao templo ao Septem ou a Heptada , que nos convida a uma viagem a esta milenar história, adornando com seus símbolos e rituais, que embora diversos são e sempre serão os mesmos, pois temos em comum uma única e verdadeira herança, o sopro espiritual do nosso Mestre Iniciador que por sua vez o recebeu dos mestres de seus mestres até Saint Martin o Filósofo Desconhecido..

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