A Chave dos Grandes Mistérios
Eliphas Levi

Solução do último problema




Separar a religião da superstição e do fanatismo
A superstição, da palavra latina superstes, sobrevivente, é o símbolo que sobreviveu à idéia, é a
forma preferida à coisa, é o rito sem razão, é a fé tornada insensata, porque se isola. E, por
conseguinte, o cadáver da religião, a morte da vida, é a inspiração substituída pelo embrutecimento.
O fanatismo é a superstição apaixonada, seu nome vem da palavra fanum, que significa templo, é o
templo colocado no lugar de Deus, é a honra do sacerdote substituída pelo interesse humano e


temporal do padre, é a paixão miserável do homem explorando a fé do crente.
Na fábula do asno carregado de relíquias, La Fontaine diz-nos que o animal acreditou ser adorado,
não nos diz que algumas pessoas acreditaram de fato adorar o animal. Essas pessoas eram os
supersticiosos.


Se alguém tivesse rido de suas tolices, teriam-no talvez assassinado, pois da superstição ao
fanatismo há um só passo.
A superstição é a religião interpretada pela tolice; o fanatismo é a religião servindo de pretexto à
fúria.


Os que confundem proposital e preconceituosamente a própria religião com a superstição e o
fanatismo emprestam à tolice suas prevenções cegas e talvez emprestassem ao fanatismo suas
injustiças e seus ódios.
Inquisidores ou participantes dos Massacres de Setembro, que importam os nomes? A religião de
Jesus Cristo condena e sempre condenou os assassinos.


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