DESENVOLVIMENTO DO PRINCíPIO AUTOCONSCIENTE
Por GOMebes


O melhor método para desenvolver em si o princípio autoconsciente e dar, na própria vida, um papel predominante ao seu verdadeiro "Eu", e procurar lembrar- se dele em todas as manifestações da vida; aprender a ouvir sua voz, além das vozes geralmente mais fortes de todos os outros pequenos "eus", avaliar cada uma das últimas e conscientemente escolher entre elas, seja rejeitando, seja aproveitando-as. Fazer desse "Eu" o critério constante de toda a nossa atividade e, se for preciso, dar-lhe o papel da "consciência" (no sentido religioso), que não é outra coisa que o aspecto ético do princípio autoconsciente.


Os exercícios que ajudam o aluno nesse sentido são 08 de meditações sobre a composição de seu próprio ser. Os assuntos básicos para tais meditações são:

· Meu corpo físico, com todas as suas funções, exigências, etc., não é meu verdadeiro "Eu", pois posso mandar no meu corpo, submetê-Ia à minha vontade ou, pelo contrário , estar ciente que sou seu escravo, obedecendo seus gostos e fantasias.

· Meus sentimentos e emoções - o corpo astral não são meu verdadeiro "Eu", pois freqüentemente estão em oposição com minha vontade consciente , igualmente posso dominá-Ias ou cair sob seu domínio

· Meus pensamentos não são meu verdadeiro Eu podem invadir-me contra minha vontade consciente; posso, em outros casos, dirigi-Ias para onde quero.

Por este método, chega-se a compreender que existe "algo", um verdadeiro "Eu" que pode controlar e reger todos esses elementos.


É bom ilustrar tais meditações pelos fatos da nossa própria vida em que a existência desse "algo superior '' manifestou-se claramente. É útil repetir essas meditações em variações individuais, até que o aluno se convença firmemente da realidade do seu "Eu".


Desde o primeiro grau do desenvolvimento interno da pessoa, o verdadeiro "Eu" pode manifestar-se através de duas formas: aspecto auto consciente e pelo aspecto ético. O primeiro manifesta-se através do mental e o segundo através dos sentimentos.

1° ASPECTO.

Para desenvolver este aspecto, o aluno deve procurar saber sempre o que está fazendo e porque o faz. Deve também se esforçar para observar seus pensamentos e sentimentos, chegando mais tarde a poder regê-los.

Reger as manifestações da personalidade, na medida em que esse controle depende de nós, é reger os tatwas inferiores.


Os exercícios de meditação têm um grande valor se o alcançado pela meditação for aplicado na vida. É muito importante que não haja cisão entre a teoria e a prática da vida. Se, pela meditação, o aluno descobrir realmente a existência do seu verdadeiro "Eu", ele deve torná-Io um fato na sua vida. Naturalmente, realizar o controle desse "Eu" sobre todas as manifestações vitais é muito mais difícil do que poderia parecer a um principiante do caminho da auto realização. Se a realidade do seu "Eu" não penetrou bastante no âmago do aluno, ele o esquecerá freqüentemente na vida diária.


Então, por um esforço de vontade, precisará voltar e ser atento aos seus pensamentos, sentimentos e ações, até que essa consciência permanente se torne natural em sua vida. Na literatura esotérica ocidental tal estado de contínua atenção é chamado de "estado de recolhimento interno"; na literatura ortodoxa, de "vigilância da mente".


No Hermetismo Ético, para ensinar a manter este estado, usa-se às vezes o método "de prioridade": "Qual é o momento mais importante?" - "O presente". "Qual é a ação mais importante?" - "Aquela que estou fazendo neste momento". "Qual é a pessoa mais importante? "Aquela com a qual estou, no momento, em contato direto". Tudo isso sublinha a importância de cada momento presente e da necessidade de ser consciente em qualquer circunstância da vida.


O ensinamento de Gurdjieff que apresenta o aspecto exclusivamente mental, fornece muitas indicações úteis para introduzir a conscientização na vida, especialmente nos hábitos que se tornaram quase automáticos e, às vezes, são chamados de "segunda natureza". Estes, freqüentemente, são mais difíceis de controlar do que os pensamentos ou sentimentos.

2° ASPECTO.

A segunda forma através da qual o "Eu" se manifesta é a da avaliação ética. Este tipo de manifestação não pode ser desenvolvido, mas pode ser desenvolvida a sensibilidade interna a esse aspecto do "Eu". O melhor meio para fazê-lo é prestar muita atenção cada vez que percebemos a tênue voz do nosso "Eu", A maioria dos homens a notam somente quando se tornou bastante alta e os incomoda, se, todavia, não se tornaram completamente surdos a esta voz interna. Um espiritualista sincero é mais sensível à sua voz, e a condição essencial para seu progresso é que cada problema de sua vida, relacionado com a ética, seja resolvido em harmonia com essa voz.

Se nesse campo pode-se falar de exercícios, estes poderiam consistir somente em procurar levar a vida diária em harmonia constante com esse critério superior.


Com a realização desses dois aspectos na vida prática, revela-se o verdadeiro "Eu" humano. Esses dois aspectos da sua manifestação são complementares e desenvolvê-los é igualmente indispensável.

A deficiência de um, reduz o valor do outro. Assim: a ausência do aspecto ético resulta num desenvolvimento exclusivamente mental, e a deficiência da conscientização mental - o aluno limitando-se a ouvir e seguir a voz interna - pode conduzir à perda total do criticismo quanto à genuinidade dessa voz, isto é, ao mediunismo indesejável.


O valor dado exclusivamente à conscientização mental caracteriza as escolas puramente racionais; a submissão incontrolada às vozes internas é um caso freqüente entre as seitas místicas.

Um discípulo do caminho iniciático, em seu trabalho interno, deve ter sempre em mente a posslbilidade de tais erros na busca do seu Ser Interno.


Estar sempre consciente e em harmonia com seu verdadeiro "Eu", corresponde à passagem do estado exotérico em que vive a grande maioria dos homens, ao esotérico, indispensável para o progresso no caminho iniciático.


Tratamos de um modo mais amplo esse 1° grau, devido à sua importância especial.

De fato, ele é o "alfa” do Hermetismo Ético e o "ômega" da Filosofia Hermética.

O caminho iniciático começa com a revelação do “Eu" interior e sua busca prossegue, não apenas através do estágio de “OUROS”, mas também através dos estágios superiores, até a Reintegração final.

Continua....

 

 

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