A CRUZ E SEUS MISTÉRIOS SIMBÓLICOS


Depois que o Senhor dançou conosco, meu amado, ele foi embora.
E nós ficamos como homens surpresos e entorpecidos, e partimos para aqui e acolá.
E assim eu o ví sofrer, e não esperei por seu sofrimento, mas parti para o Monte das Oliveiras e chorei sobre o que veio a se passar. E quando ele estava pendurado sobre a cruz na Sexta-feira, na sexta hora do dia, veio uma escuridão sobre toda a terra.
E meu Senhor ficou no meio da caverna, iluminando-a disse:

"João, para o povo lá em baixo em Jerusalém,
Eu estou sendo crucificado e perspassado com lanças e espinhos,
e estão me dando vinagre e bílis para beber.
Mas para você Eu estou falando, escutai o que eu digo.
Eu coloquei em tua mente para vires a esta montanha
para que possais ouvir o que um discípulo
deve aprender de seu mestre e homem de Deus."

E quando ele disse isto, mostrou-me uma cruz de Luz firmemente fixa,
e em volta da cruz uma grande multidão, que não tinha nenhuma forma definida,
e na cruz estava uma outra forma, com a mesma aparência.
E eu ví o Senhor, ele mesmo, sobre a cruz, sem nenhuma forma,
mas apenas um tipo de voz; não aquela voz que conhecíamos,
mas uma que era doce e gentil e verdadeiramente a voz de Deus, que me disse:

"João, deve haver um homem para ouvir estas coisas de mim:
pois eu preciso de um que esteja pronto para ouvir.
Esta cruz de Luz é algumas vezes chamada de Logos por mim,
para vossos propósitos, algumas vezes Mente, algumas vezes Jesus.
Algumas vezes Cristo, algumas vezes uma porta, algumas vezes um caminho,
algumas vezes pão, algumas vezes semente, algumas vezes ressureição,
algumas vezes Filho, algumas vezes Pai, algumas vezes Espírito, algumas vezes Vida,
algumas vezes Pistis (Fé), algumas vezes Charis (graça);
e assim é chamada para propósitos do homem."

"Mas o que é verdadeiramente,
como conhecida em sí mesma e dito por nós, é que:
É a distinção de todas as coisas;
e a forte elevação do que está firmemente fixo, fora do que é instável,
e a harmonia da Sabedoria, sendo Sabedoria em harmonia.
Mas há lugares à direita e à esquerda,
Poderes, Autoridades, Principalidades e demônios,
ameaças, paixões, diabos, Satan, e a raiz inferior
de onde a natureza das coisas transientes provém."

"Esta cruz então é aquela que unificou todas as coisas pela palavra e
que as separou do que é transitório e inferior,
e que também compactou coisas dentro de mim.
Mas esta não é aquela cruz de madeira que você deverá ver quando descer daqui;
nem eu sou o homem que está sobre aquela cruz.
Eu, quem agora você não vê, mas apenas ouve a minha voz.
Eu fui tomado para ser aquilo o que eu não sou,
Eu, que não sou o que para muitos eu fui;
mas o que eles irão dizer de mim é penoso e indigno de mim.
Desde então o lugar de meu repouso não deve ser nem visto nem revelado.
Muito mais deverei eu, o Senhor deste lugar, ser nem visto nem revelado."

"A multidão ao redor da cruz, que não é de uma forma, é a natureza inferior.
E aqueles que você viu na cruz, mesmo que eles ainda não tenham uma forma -
nem todos os membros daquele que desceu foram ainda reunidos.
Mas quando a natureza humana é tomada,
e a raça que vem a mim e obedecerá minha voz,
então aquele que agora me ouve,
deverá unir-se a esta raça e não será mais o que ele é agora,
mas estará acima deles, como eu estou agora.

Por tanto tempo enquanto não te chamastes meu,
eu não sou o que sou, mas se me ouvis,
tú também como um ouvinte deverás ser o que eu era,
quando fores como eu sou comigo mesmo,
pois de mim tú és o que eu sou.

Portanto ignore os muitos e despreze aqueles que estão fora do mistério;
pois deves saber que eu sou totalmente com meu Pai, e o Pai comigo."

"Assim eu não sofri nada daquelas coisas das quais irão dizer de mim;
mesmo o sofrimento que eu mostrei a você e ao resto em minha dança,
eu desejo que isto seja chamado de mistério.
Pois o que você é, que eu mostrei a você, como você vê;
mas o que eu sou, é apenas conhecido por mim mesmo, e ninguém mais.

Deixa me ter o que é meu;
o que é teu deves ver através de mim;
mas a mim deves ver não verdadeiramente o que eu sou, como eu disse,
mas aquilo que você, meu parente, é capaz de saber.

Tú ouvistes que eu sofri, e eu não sofri,
e aquilo que eu não sofri, ainda assim eu sofri,
e que eu fui transpassado, ainda assim eu não fui ferido,
que eu fui pendurado, ainda assim eu não fui pendurado,
que o sangue fluiu de mim, ainda assim ele não fluiu,
e, numa palavra,
aquilo que eles dizem de mim, eu não confirmo,
mas aquilo que eles não dizem,
estas coisas, eu sofri.

Agora, que coisas são estas, que eu secretamente mostro a você;
pois eu sei que tú irás entender.
Tú deves conhecer a mim, então, como um tormento do logos,
o sangue do logos, as feridas do logos, o jejum do logos, a morte do logos.
E assim eu digo, descartando minha humanidade.
O primeiro então que deves conhecer é o Logos, depois deves
conhecer o Senhor, e em terceiro lugar o homem, e o que ele sofreu."

Quando ele disse estas coisas para mim, e outros a quem eu não sei como dizer, como ele desejava, ele foi tomado, sem que ninguém da multidão o visse.

E descendo, eu rí deles todos, pois ele havia me dito o que eles diziam dele; e eu guardei esta única coisa em minha mente, que o Senhor realizou tudo como um símbolo (sinal) e uma liberação para a conversão e salvação do homem

 

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