Os
Arcanos e os Templários segundo G. O. Mebes
Arcanos
Maiores do Tarô - GOMebes
No início da época das Cruzadas, a influência marcante
da corrente gnóstica nas escolas da Arábia e da Palestina,
serviu de inspiração a vários expedicionários
Cruzados, levando-os a formar uma das mais poderosas Egrégoras -
a Egrégora Templária. O ponto acima do "Iod" do
esquema Templário era constituído pelo grandioso ideal de
criar um império universal, perfeito e equilibrado em todos os planos,
e que introduziria, por toda parte, a penetração do sutil
no denso. Neste império, o Influxo Superior, vindo do plano do Poder
Místico, devia vivificar o Poder Astral e, instruindo e regendo o
Poder Realizador, criar a prosperidade, a felicidade e a possibilidade do
trabalho evolutivo, isto é, facilitar a salvação para
todas as classes sociais, independentemente das nacionalidades a que pertencessem.
Todavia, deviam ser levados em consideração os costumes locais
e as condições dos ambientes nacionais. Este formidável
esquema incluía todos os sonhos: coibir os abusos do poder papal,
elevar e aperfeiçoar todas as classes da sociedade humana, desenvolver
a indústria e o comércio no mundo inteiro e acabar com a perda
de energia, gasta nas lutas entre as nacionalidades, as classes sociais
ou os indivíduos particulares, lutas causadas pela má vontade
ou incompreensão mútua. Em suma, era o sonho da realização
do Reino-deDeus na Terra, acalentado por homens conscientes e inteligentes,
por almas cunhadas no cavalheirismo e que, para realizá-lo, contavam
com o apoio de seus corpos sadios e de suas riquezas, honestamente adquiridas.
O elemento "Iod", no esquema dos Templários, era constituído
pelo ensinamento de Hermes Trismegistos, bafejado pela influência
sadia do gnosticismo. O "Primeiro He", como dissemos, era constituído
pelo ambiente dos Cruzados, provendo a nova Egrégora com seus elementos
mais capazes, mais fortes, puros e espiritualizados. O elemento Shin da
nova corrente formou-se da beleza do ideal, da perspectiva atraente do futuro
poder, em todos os planos, de seus adeptos e da possibilidade que os mesmos
teriam em utilizar este poder, de um modo geral ou particular, na realização
dos ideais que lhes eram caros. O elemento "Vau" dos Templários
era constituído por aquilo que hoje em dia é denominado "Culto
de Baphomet". A palavra "Baphomet", lida, cabalisticamente,
da direita para a esquerda, é o resultado de um modo particular de
adaptação do Notarikon (ver Arcano X) à frase: "templi
omnium hominum pacis abbas" que, traduzida, significa: "o pai
do templo da paz para todos os homens". Este nome corresponde a uma
personificação da maneira pela qual os Templários contavam
realizar seus ideais, e que consistia em criar, com os impulsos volitivos
da Corrente, um poderoso turbilhão astral. Por causa disso, nas cerimônias
secretas dos Templários, um papel importante era desempenhado por
uma estátua representando Baphomet, símbolo do turbilhão
astral Nahash,
"Segundo He" dos Templários correspondia à política
de caráter teocrático, com a preservação tradicional
da lei hierárquica e do princípio de centralização
completa. Os grupos de "Comendadorias" dos Templários formavam
"Prioratos"; estes, "Grandes Prioratos"; os grupos de
"Grandes Prio-ratos" constituíam "Línguas",
isto é, grupos que se utilizavam do mesmo idioma. Acima de todas
as "Línguas" havia o Grão-Mestre. Este, na aplicação
de seu poder pentagramático, pautava-se unicamente pelo lema geral
dos Templários: "Misericórdia e Conhecimento". Nessas
bases, no ano 1118, formou-se a Ordem do Templo. Já mencionamos sua
dissolução posterior, no ano 1312, por bula papal, e, anteriormente
a esta, no dia 13 de outubro de 1307, o fim trágico do Grão-Mestre
dos Templários, Jacques de Molay e de seus mais íntimos colaboradores.
Os poderosos elementos "Iod" e "He" da Egrégora
Templária, juntamente com seu magnético "Shin",
levaram a Ordem ao cume do florescimento em todos os planos. Seus inimigos,
invejosos deste êxito e cobiçando as riquezas da Ordem - vastos
territórios pertencentes ao Templo - procuraram meios de destruí-la.
Recuando diante do poder mágico da Corrente, escolheram uma arma
oculta - a calúnia - atacando o "Vau" da Egrégora
e acusando os Templários de praticar a magia negra, organizar orgias
e adorar Baphomet. Traçando uma verdadeira rede de intrigas, alcançaram
finalmente seu objetivo: a destruição da Ordem (no plano físico).
Podemos nos perguntar o que tenha acontecido aos cavaleiros do Templo que
não pereceram?
Quem se arriscou a acolhê-los, a ser fraterno para com eles? Respondendo a essa pergunta, devemos lembrar que, paralelamente ao aparecimento dos Templários, duas outras correntes se criaram e fortaleceram na Europa: A Hermética, que aspirava a realização da "Grande Obra", e a dos construtores das catedrais góticas, chamados Maçons Livres, que professavam o culto do seu trabalho, preservando na arquitetura o simbolismo tradicional. Essas duas correntes aproximaram-se, criando associações compostas de dois tipos de elementos: trabalhadores no plano mental e trabalhadores no plano físico.
O
elo que os ligava era o plano astral, o mundo dos símbolos iniciáticos
tradicionais, vivificados pelo trabalho dos Hermetistas e coagulados e expressos
em forma acessível aos sentidos, pelo trabalho dos Maçons.
Foram estes "Maçons Livres", oficialmente reconhecidos
por Roma no ano de 1277, que decidiram acolher e aceitar como irmãos
os Cavaleiros Templários, salvos da destruição de sua
Ordem e que se tornaram, assim, "MAÇONS ACEITOS". Isso
se refere ao plano físico, mas o que aconteceu com o astrosoma da
Corrente, a sua poderosa Egrégora? As grandes Egrégoras não
se dissolvem devido a um desastre no plano físico. Mesmo carecendo
do ponto de apoio na Terra, elas têm a possibilidade de purificação
e aperfeiçoamento no plano astral. Poder-se-ia dizer que as "cascas"
dessas Egrégoras, cascas que se formaram dos erros de seus adeptos
no plano físico, se dissolvem ou se sutilizam, permitindo que a Luz
interna apareça com maior intensidade. A possibilidade de tal aperfeiçoamento
é privilégio apenas das Egrégoras que, falando em termos
por nós adotados, possuem o "ponto acima do Iod" muito
puro e o sistema fechado de um poderoso "Iod" bem nitidamente
determinado. A Egrégora Templária purificou-se no astral durante,
aproximadamente, 80 anos e depois fez nascer na Terra um movimento que chamaremos,
condicionalmente, de "ROSA-CRUZ INICIAL".