Orígens E Definição Da Kabala
Ambelain


Sua Gênese Seria pois em vão supor por um só instante que a religião judaica de antes de nossa Era se caracterizou por um monoteísmo absoluto, por um lado, e por uma ortodoxia rigorosa do conjunto do conjunto dos fiéis, de outro lado. Se os jovens anos do cristianismo nascente apresentaram esse aspecto de incessante fervilhar de seitas e crenças particulares, cada uma mais estranha que a outra, para a nação judaica, é o fenômeno inverso que se desenvolve. Quando da saída do Egito, o culto de Deus de Israel é um todo. Sem dúvida, sobrevivências de cultos mais antigos e mais primitivos [em especial aquele dos Balim, dos Ephod, dos Teraphin, etc...] se manifestam ainda no seio das famílias e dos clãs, mas de uma maneira privada, e geralmente clandestina. Depois, com o tempo, o contato com as filosofias estrangeiras, as estadas na Babilônia [conduzidos pela catividade e as deportações de população] o estudo de seus doutores, a troca de idéias, a ruptura intelectual e mística do povo judeu se estira e se fraciona em diferentes ramos. Uns vivem e prosperam de maneira absolutamente oficial, e se conhece entre estas seitas as principais: os fariseus, os saduceus, os essênios, os terapeutas. Mas na massa popular se ignora a existência de escolas mais herméticas, seitas diversas, as vezes de espírito muito oposto. Seria, certamente, um erro histórico dos mais graves imaginar um judaismo formando um bloco único, não dando nascimento a nenhuma variação teológica, a nenhum esoterismo, a nenhuma heresia. Vimos em sua obra sobre a formação do cristianismo, Drews conclui que antes da Era cristã, já existia entre os judeus, uma representação do Messias, que mais tarde será aquela do Cristianismo.

Depois, os discípulos de Jesus procurarão justamente apresentá-lo como tendo reunido em sua vida todas as circunstâncias, abundantemente descritas pelos profetas, e isso, afim de provar sua legitimidade para o cumprimento de sua missão. Igualmente, notamos que Drews, junto com B. Smith, afirma que ao lado do judaismo ortodoxo, existia em Israel, ou em seus confins, seitas que tinham organizado os elementos essenciais da lenda cristã e isso bem antes do nascimento do Cristianismo, ao redor de um Deus que eles chamavam Iesoushouah[1].Nesse nome Drews reencontra o nome de Jesus. A ortografia hebraica era idêntica. Esse fato é significativo: É o primeiro sinal [traços] da existência da Kabala, sendo Iesoushouah um dos "Nomes Divinos" da Sephirah Geburah. [1]- "Deus de Salvação". O que entrevemos da doutrina dessas seitas, as coloca em relação com uma religião sincretista, espalhada por toda a Ásia Ocidental, séculos antes da Era cristã, e que engendra numerosos agrupamentos religiosos com tendências particulares. É o Mandaismo ou Adonaismo. Essa religião sincretista se dá por uma revelação esotérica, uma "gnose" [manda é sinônimo de gnose], trazida por um Deus chamado Ado ["Senhor"]. Nesse nome reencontramos o radical tendo presidido a formação de numerosos nomes divinos dessas regiões: Ado, Ada, Adonai, Adonis, Adam, Atem, Atoum.
Na realidade, essa tradição esotérica é feita de pedaços e fragmentos, e ela está sempre em estado de parturição teológica! Todos os povos semitas, e todas as seitas pré-gnósticos de antes de nossa Era: os Ofitas, os Naasênios, os Cainitas, os Essênios, os Ebionitas, os Parateens, os Sethianos, Heliognósticos, esperam o Ser misterioso que descerá do Céu e se encarnará sob uma forma humana para dispensar os Demônios, purificar a Terra e os Homens, e conduzir estes ao lugar das Almas Bem-aventuradas, na "Morada do Pai". Pois bem, as pesquisas históricas nos mostram numerosos doutores judeus palestinos, em relação de simpatia com as idéias dessas seitas, estrangeiras para Israel.

Não deixemo-nos pois derrotar pelo erro histórico do monoteismo judeu estritamente fiel, confinado em vasos fechados, sem nenhuma evolução intelectual e dogmática! Existiram, antes de nosso Era, seitas mandeistas de fundo judeu, e são elas - B. Smith o prova - que dão justamente o nome de Ishu, Ieshouah, Iesoushouah, ao Deus Salvador que elas esperam. Iesh, em hebraico, significa fogo, ao mesmo tempo, designa a filiação, a genealogia. Seu Deus Salvador é pois um Deus de Luz e de Fogo. O que nos diz Moisés? "Deus é um fogo que queima...".


Quais são os nomes dessas seitas? Iessênios, Nazarenos, Nazirenos... Sabemos que as seitas esotéricas judaicas veneravam um Deus Salvador, que chamavam Ieshu, ou Ieshouah, ou Iehoushouah, e um papiro conservado na Biblioteca Nacional de Paris [n° 174, suplemento do 7 7 fundo grego] contém fórmulas de conjurações tais como estas: "Eu te adjuro, pelo Ieshouah Nazireno..." e mais longe: "Eu te adjuro, pelo Deus dos Hebreus: Ieoushuh...". Pois bem, repitamo-lo, essas seitas são anteriores ao Cristianismo... Com a vinda deste, com o fervilhar místico que o seguirá, com a dispersão do povo judeu, seus contatos com os Árabes da África do Norte, depois aqueles da Espanha e de Portugal, com suas estreitas relações com as populações gregas, turcas, balcânicas [contatos conseqüentes dessa dispersão], toda essa doutrina secreta vai se refundir, borbulhar, fermentar, e finalmente, diante do perigo de uma tal efervescência, os doutores de Israel, de posse do verdadeiro esoterismo doutrinal do Thorah, vão se decidir a revelar por fim o essencial desse ensinamento secreto, e vamos ver como... Sobre a Sinagoga galiléia de Cafernaun, recentemente trazida à luz do dia, no frontão do Templo, brilha uma Estrela de Cinco Ramos, o "Escudo de Davi", o Pentagrama pitagórico, símbolo de Saber e de Conhecimento. Pois bem, o emblema nacional do povo judeu é o "Selo de Salomão", a Estrela de Seis Ramos, o Hexagrama da Magia medieval, símbolo da tradição salomônica. O que significa essa diferença? Porque esses paradigmas diferentes? O "Selo de Salomão" vê sua significação parcial revelada, se sabemos que em hebreu Salem, significa Beatitude, e Shlom: Rigor, Justiça, Equilíbrio.


O Hexagrama, emblema da Lei geral, se liga ao Deus Justo, a doutrina que se apoia sobre o conceito metafísico de Justiça Retributiva. É a "Lei do Karma" das filosofias extremo-orientais, é aquela do talião judaico. Ao contrário, em hebraico, Davi significa: e a personagem histórica desse nome, é o Amor Divino. A segunda escola, da qual a Sinagoga de Cafernaun foi um dos Templos, se ligava a tradição esotérica da "Liberação pelo Amor", pondo em ação a misteriosa Lei do Perdão - que é o arcano reitor do Cristianismo. Com a destruição do Templo, a dispersão das tribos proletárias judaicas, a destruição sistemáticas das tribos militares [Judá, Benjamim], ou sacerdotal [Levi], a elite de Israel desapareceu mais ou menos totalmente. Roma sabe golpear... . E em nossos dias, um fato permanece mais ou menos ignorado, é o de que o povo judeu não tem mais sacrificadores, legítimos saídos de Araão, e os rabinos são simples doutores da Lei..., Mas nós sabemos, no que nos diz respeito, que essa destruição foi incompleta, e que existe, mais ou menos ignorados, descendentes legítimos desse sacerdócio esotérico que vamos estudar, em que se uniam por um lado o sacerdócio sangrento de Moisés e de Araão, e aquele não sangrento, de Melkissedek, "Rei de Salem" confiado a Abraham. E Martinez de Pasqualis e após ele seus raros Real Cruz, foram desses... Pois é um fato histórico, ignorado do grande público, que consagra a união definitiva do Sacerdócio de Israel e da Maçonaria Operativa, ou Companheirismo judaico [1]. Com a morte de Nero, Vespasiano tinha retornado para Roma. Titus, sucedendo a seu pai no comando das tropas romanas, se apodera de Giskhala, de Gamala, e do Thabor. É uma matança, um massacre geral, nos diz A. Séché. Johanan se refugia em Jerusalém, onde Farizeus e Zelotas, aristocratas e plebeus, se opõem em uma guerra fratricida. O sangue corre em Jerusalém, e Titus está em suas portas... É então que Simeon Bar Jockai, o santo doutor depositário dos arcanos secretos da Thora, deixa secretamente Jerusalém e se refugia em Jabhé... .


A Kabala estava salva! E ao azar dos grandes redemoinhos ideológicos e das grandes perseguições que agitaram a Idade Média, esse sacerdócio, puramente judaico em sua origem, deixando o seio dos guetos pelos grandes caminhos e os cenáculos rosacrucianos, pode penetrar nos meios que já não eram mais essencialmente judaicos, mas simplesmente filosóficos. Aqui fazemos alusão as grandes sociedades secretas que nasceram nessa época[2]. Mas voltemos atrás. Sabemos pois que a margem do Thorah, ou versão oficial da Lei se desenvolve uma versão secreta, esotérica, alma e razão de ser das seitas encontradas durante nossas [1] - É fato que antes da queda de Jerusalém, o Grão-Mestre dos Talhadores de pedras foi proclamado Pontífice. [2] - Ver nossa obra "O Martinismo", Pg. 47 e seguintes buscas. O Antigo Testamento insiste frequentemente, pela voz dos profetas, sobre o fato de que são as influências exteriores, o contato com os outros povos, as religiões diferentes, que se introduziram. Para dizer a 8 8 verdade, que ele chama "corrupção" levaria mais justamente o nome de "evolução", de "interpretação", de "retificação" superior, para uso exclusivo de uma elite intelectual mais avançada do que a massa popular. A Lei primitiva não era somente um livro sagrado, onde o fiel encontrava, com os elementos de sua religião, prescrições religiosas rituais e morais. Ela era ao mesmo tempo um código civil e criminal de onde os legisladores de Israel extraíram as máximas e os decretos reguladores das relações dos membros da comunidade profana. Após o Cativeiro da Babilônia, a vida do povo mudou, evoluiu. Esdras acaba de "renovar" os textos sagrados, e se constata, sem ousar confessar, que esses textos, tomados em seu sentido literário, que era bom para uma vida pastoril, primitiva, não é mais suficiente para reger a vida inteira, sobretudo espiritual, do povo judeu. Por outro lado, o caráter especial da vida nacional leva Israel a se isolar, a reduzir tanto quanto possível o contato e as relações com os povos estrangeiros. Israel é, antes de tudo, um povo orgulhoso e confiado, que não quer se abaixar pedindo a seus vizinhos o que ele estima poder encontrar só. Pelo menos, ele adota sem dúvida doutrinas de origem estrangeiras, por esse mesmo fato, impuras segundo o Thorah, mas ele cuidará de o reconhecer, e as classificará de muito antigas e puramente judaicas, e o torno será movimentado!... [ A Haggadah do Talmud, assim como os Midraschin, admitem no entanto que o povo hebreu trouxe da Babilônia os nomes dos meses do ano, os dos anjos, e em geral toda a Kabala...].


Levados pelo espírito nacional, sutil, trapaceiro, os doutores da Lei, que acumulam as funções de legistas, de teólogos e de casuístas, vão se entregar com o coração alegre. E entre eles, algumas altas e belas inteligências vão sair a luz, construindo com materiais estrangeiros por ossamenta e interpretações particulares como enchimento, o mais prodigioso templo metafísico que saiu do pensamento humano... De suas especulações metafísicas nascerá primeiro a Mishna, interpretação complementar dos cinco livros do Pentateuco ou Thorah, interpretação perseguida em seus menores detalhes. O ensinamento será dado pelos Tanaim, ou doutores da Lei, que de 150 A.C. a 220 de nossa Era, ou seja durante aproximadamente quatro séculos, comentarão com um zelo infatigável o Thorah. A partir do terceiro século de nossa Era, a Mishna é fragmentada quando a bagagem metafísica transmitida pelos Tanaim se torna tal, que sua amplitude necessita uma divisão. O rabino Iehudah, chamado Ha Nazi [o "Patriarca"], compila em uma espécie de manual os elementos das primeiras coletâneas. A Mishna de Iehudah é então considerada como um Canon ao qual se atribui mais valor que ao próprio Pentateuco. É assim que o tratado Sopherim nos diz que: "O Thorah é como a água, mas a Mishna é como o vinho...". Isto tem um duplo sentido, é uma alegoria, subentendendo assim a embriaguez que traz o beber vinho, e o frio racionalismo que é o apanágio do beber água, mas também esotérica e cabalisticamente, pois a palavra vinho, em hebraico yain, é numeralmente equivalente a palavra sod, significando mistérios! Se adivinha por esta sutilidade proposital que a Mishna detém o "espírito" da Tradição, o Thorah não possui mais que a "letra", uma é esotérica, o outro é exotérico.


Então, da mesma maneira que o Thorah tinha sido comentado e esclarecido, a Mishna, por sua vez, é comentada e esclarecida no seio das escolas místicas. Os sucessores dos Tanain, chamados Amoraim ou "comentaristas", rabinos das Sinagogas de Iabhné, Séphoris, Lidda Palestina, de Sira, Nehardea, Pumbeditha, Uscha, na Babilônia, a tomam durante três séculos como texto de suas controvérsias apaixonadas. A conclusão dessa discussão secular é denominada a Gemarah, ou "complemento" [subentendido: da Misnha]. Uma compilação mais vasta reunindo as decisões dos Amoraim e dos Tanain é então estabelecida, se lhe dará o nome de Talmud, palavra hebraica significando "ritual". Isso nos mostra já, que, se o Talmud é o resumo da Gemarah, que a Gemarah é o comentário e o complemento da Mishna, que a Mishna é o texto esotérico da Thorah, o Talmud é ainda mais esotérico e mais alegórico que a Mishna, pois que ele visa revelar de maneira mais clara os mistérios desta! Pois bem, sabemos por experiência, cada vez que se revela o sentido secreto de um texto religioso, é sob uma alegoria nova... Concluímos que: Tomar o Talmud ao pé da letra, aplicar seus ensinamentos a Israel, povo judeu, e seus anátemas aos goim, povos incircuncisos , é recair no exoterismo do Thorah e nada revelar do todo... Bem ao contrário, o Talmud e todos seus ensinamentos somente se aplicam a um povo eleito e a reprovados desse mundo... E isso, uma outra obra capital nos ensina muito claramente, falamos do Sepher-hah-Zohar, o "Livro do Esplendor". Última conclusão: anti-semitas e israelitas, fanáticos dos dois campos, estão errados, e o Talmud não se dirige aos homens aqui de baixo! Israel, é o conjunto dos eleitos, os "abençoados de meu Pai"! Existem duas coleções talmúdicas: aquela de Jerusalém, terminada no quinto século de nossa Era, e aquela da Babilônia, terminada no início do sexto século. Ambas reproduzem bem a Mishna, mas a primeira 9 9 dá a Gemarah palestina, e a segunda a Gemarah babilônica.


É essa última que é muito mais considerável. O Talmud de Jerusalém é uma pequena brochura, enquanto que o da Babilônia necessita doze espessos volumes do mesmo formato" É pois esse últimos que é, ainda em nossos dias, a verdadeira expressão talmúdica. Na babilônia, os estudos talmúdicos permaneceram muito tempo florescentes, e isso até bem depois que toda vida social e intelectual tinham aparentemente desaparecido da palestina. Essas organizações teológicas são encontradas, no final do décimo século, na Espanha e em Portugal. No décimo segundo século, Samuel Ibn Naggdila publicará em Granada uma notável introdução ao estudo do Talmud. E Gershem Ben Iehudah fará aparecer em Maience e em Metz "Comentários" sobre quatorze tratados do Talmud. Um outro doutor, Salomão Iischaki chamado Rashi, escreverá em arameu "Comentários" sobre quase todos os tratados, acompanhados de uma Gemarah. No décimo segundo século, o famoso Maimonide comporá em árabe um comentário da Mishna, que permanece ainda em nossos dias, um dos clássicos célebres. No décimo terceiro século, rabinos alemães e franceses desenvolverão, em arameu, os comentários de Salomão Iischaki. Até o décimo sétimo século o Talmud da Babilônia conservará uma autoridade superior àquela do Thorah. O que é muito compreensível, pois que ele pretende dar a chave. E a maior parte dos judeus não conhecerão este a não ser através das citações do dito Talmud! A Haggadah do Talmud, a qual fizemos uma primeira alusão anteriormente, a respeito dos meses e dos Anjos, deu pois nascimento a uma verdadeira "gnose" judaica, sob o impulso da febre mística dos doutores da Lei. Essa gnose repousará sobre um comentário esotérico dos relatos bíblicos. E esse próprio comentário terá por base inicial uma tradição oral, saída de uma iluminação intelectual particular e que dará o sentido real dos textos e interpretações banais que a multidão ignorante conhecerá. Essa tradição oral, saída de uma iluminação mística, é a "palavra", ou "tradição transmitida pela palavra", em hebreu Kabalah, e em português Cabala!... [em especial ver o Targum de Jerusalém, chamado de Onkelos]. Se vê pois, como para os textos cristãos, é uma longa fermentação, oficial ou oculta, que sem cessar mistura e retifica uma "revelação" primitiva obtida pela iluminação, acrescenta aí comentários as vezes saídos de teorias estrangeiras, unidas a "práticas" tão heterodoxas ou tão exteriores quanto sua origem, e que constituirá o esoterismo judaico, ou Kabala. Se pode dizer sem temor, é o universal e o eterno fermento iniciático que, depositado no seio do esoterismo de Israel, como no seio não importando de qual religião, revelada ou não, suscita o nascimento da Kabala.


A Kabala é pois a Doutrina Eterna, dissimulada sob todos os símbolos e em todos os Relatos lendários, simplesmente veiculada por tradições vindas do fundo das idades, e que jogam suas raízes no mistério originai dos povos de Sumer e Akad. Ela é o aspecto semítico dessa Doutrina eterna e ela não faz mais que pegar por empréstimo procedimentos de expressão aos conceitos raciais, hereditários, ou didáticos, dos povos do Ocidente, e mais precisamente mediterrâneos. O Cristianismo foi seu principal mensageiro, ele que repousa antes de mais nada sobre o Antigo Testamento. E essa Kabala foi o crisol onde, na Idade Média, vieram se fundir as últimas tradições célticas, herança particular dos povos de raça branca do Ocidente europeu. Daí resulta um curioso conjunto metafísico e filosófico onde as ressurgências pagãs, próprias da Itália e da Grécia, as tradições pitagóricas levadas pelas corporações de ofícios, as sobrevivências célticas no tradicionalismo de feitiçaria popular, e o esoterismo gnóstico-cristão, constitui esse estranho "clima" de onde nasceu a Magia medieval: o ciclo faustiano... Foi então que apareceu o Sepher-hah-Zohar ou "Livro do Esplendor". Não insistiremos sobre o detalhe histórico de suas origens, elas permanecem incertas. Se atribui sua primeira publicação, e mesmo toda ou parte de sua redação, a Moisés de Leon, judeu Espanhol no décimo terceiro século. Mas as doutrinas ensinadas pelo Zohar se ligam àquelas das obras místicas hebraicas, anteriores ao décimo terceiro século. Moisés de Leon o atribui ao célebre Simeon, chamado bem Jockai, discípulo de Hakibah, mas a melhor legitimação de uma obra, é seu próprio valor, o autor e a data importam menos que o livro, e a sublimidade do Zohar permanece incontestável.


Concluímos que o Zohar é o resumo exotérico de trinta séculos de misticismo judaico. Seu conjunto é composto de oito tratados principais, que são: 1°) os "Mistérios da Torah", 2°) a "Criança", 3°) a "Explicação Mística da Lei", 4°) a "Misteriosa Busca", 5°) o "Vens e Vais", 6°) a "Grande Assembléia", 10 10 7°) a "Pequena Assembléia", 8°)o "Livro dos Segredos", ou Sepher Dzeniutha. As edições clássicas são aquelas de: Manthua [1560], Dublin [1623], Constantinopla [1736], Amsterdã [1714] e [1805]. A de 1714 é considerada como a melhor, é sobre essa que Jean de Pauly estabeleceu sua tradução francesa do Zohar, editada por Lafuma.




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