A lanterna do ancião

Arcanos Maiores do Tarô - GOMebes


A lanterna do ancião é geralmente chamada de Luz de Hermes Trismegisto. Hermes é a personificação de sistema harmonioso, unindo a sabedoria metafísica, o conhecimento do astral e a ciência no plano físico, sistema que floresceu nos santuários do Egito antigo. Essa lanterna é indispensável ao iniciado e ela expressa a tese: "Não despreza a ciência profana do mundo físico, estuda com assiduidade o plano astral, e eleva-te pelo mental ao nível transcendente e transcendental. Tu és triplânico estuda todos os três planos".

O manto que isola o ancião chama-se o manto de Apolônio de Tyana, o famoso Instrutor da Escola de Alexandria. É o símbolo da auto-determinação da Mônada no plano mental, do auto-conhecimento no plano astral e da solidão no plano físico. Determinar-se no plano mental, significa tornar-se claramente consciente de seu papel de célula do organismo mental do Homem Universal Coletivo, e de todas as nuances coloridas desse papel. O auto-conhecimento astral - caminho típico do desenvolvimento de Apolônio - é o aprofundar-se no próprio astrosoma, fazer sua análise severa, uma classificação escrupulosa de seus recursos, efetuar uma re-orientação - se assim podemos dizer - de seus ímãs moleculares e, finalmente, realizar uma síntese geral, bem assimilada. Os biógrafos de Apolônio apresentam bastante bem esse trabalho, contando que o grande Mago, envolto num manto de lã, se concentrava na contemplação do próprio umbigo. Passemos a considerar o significado da solidão.

O que significa ser solitário? É a capacidade de trabalhar, de meditar sem permitir a intromissão de influências energéticas de outros pentagramas. Pode-se ser solitário em meio duma multidão. No entanto, nos primeiros estágios de desenvolvimento, muitos necessitam uma vida de anacoreta, um isolamento efetivo, no plano físico. Este proceder tem seus bons e maus aspectos. A boa faceta da vida de eremita consiste no seguinte: no plano mental, a oração fica mais fácil; no plano astral, há a possibilidade de purificação pelo silêncio prolongado, uma das recomendações da Escola Pitagórica; no plano físico, não há perda de tempo com as preocupações da vida cotidiana.

Os aspectos negativos da vida de eremita são estes: no plano mental, a impossibilidade de observar o progresso de seus companheiros no campo metafísico; no plano astral, uma certa ausência de apoio da corrente de pessoas unidas pela mesma tônica evolutiva. Isso aumenta o perigo, nos momentos de passividade, de cair temporariamente sob a influência do astral inferior. Essa influência, no plano físico, freqüentemente toma a forma de manifestações sexuais, chamadas de íncubos e súcubos. Os elementares e mesmo os feiticeiros exteriorizados, tendo feito um empréstimo mediúnico do próprio eremita ou do reino orgânico que o circunda, podem materializar-se em estado suficientemente condensado, para realizar o "coito" com o eremita (o súcubo da entidade astral) ou com a eremita (o incubo da entidade astral).

Os íncubos e súcubos causam naturalmente um grande dano pelo enfraquecimento físico que provocam na sua vítima, e também porque preparam condições que, no futuro, poderão facilitar ao eremita a criação, por vontade própria, e sob diversos pretextos, de qualquer tipo de larvas. Existe uma alternativa que, afastando os maus aspectos da vida de eremita, ao mesmo tempo preserva os bons. Em outras palavras, uma alternativa que procura neutralizar o bi-nário: vida de eremita - vida em sociedade. Foram feitas tentativas, ainda em prática, correspondentes ao meio termo: a convivência monástica. O sucesso do trabalho nessas instituições variava e varia grandemente, dependendo da época, do ambiente, dos membros e dos dirigentes das comunidades, da sua disciplina e outras condições.

O bastão do ancião, como símbolo de prudência, quase dispensa comentários; o essencial já foi dito anteriormente. Concluindo a análise do Arcano IX, esboçaremos um curto programa de esforços que facilitam a autoiniciação e preparam a iniciação propriamente dita. Enumeraremos nove fases destes esforços, salientando que, geralmente, se realizam de modo paralelo e não consecutivo. 1. Superar em si a covardia física. 2. Superar em si a indecisão física. 3. Superar os arrependimentos a respeito do que foi feito e não pode ser mudado. 4. Lutar, ao máximo, contra as superstições. 5. Lutar, ao máximo, contra os preconceitos. 6. Lutar, ao máximo, com os condicionamentos. 7. Manter em boa ordem a saúde e o ambiente externo. 8. Realizar, também, a ordem astral, tanto em si (harmonia da alma) como fora de si, isto é, adquirir o conhecimento empírico das entidades do plano astral e suas manifestações, classificando-as adequadamente. 9. Realizar uma ordem mental, ou seja, alcançar a pureza, a clareza e a certeza em sua cosmovisão, como também a plena consciência de sua proveniência emanacional do Arquétipo.

O pantáculo do Arcano é feito segundo o esquema 9 = 3 + 6. Sendo assim, pode consistir simplesmente em duas partes superiores do esquema do Grande Arcano (ver figura 16). Houve, todavia, tentativas de introduzir uma outra configuração: um conjunto de nove pontos, em que a distribuição dos três pontos superiores forma um triângulo evolutivo. Este projeta dois reflexos em forma de triângulos de tipo involutivo, e formados por seis pontos restantes.


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